ATA DA
TRIGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
NONA LEGISLATURA, EM 08.05.1987.
Aos oito dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Quinta Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nilton Comin, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Werner Becker, Wilson Santos, Flávio Coulon, Marcinho Medeiros e Eroni Carus. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Wilson Santos que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Trigésima Quarta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de “quorum”. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências, acerca das áreas desapropriadas pelo Município que ainda não foram indenizadas; pelo Ver. Aranha Filho, 02 Pedidos de Providências, solicitando que seja feita, urgentemente, a manutenção da rede elétrica instalada no Morro Ricaldone com o objetivo de aumentar, consideravelmente, o nível de iluminação do local; cadastramento da rua sem nome - recentemente pavimentada pela comunidade - que liga a Avenida Francisco Trein à Avenida Assis Brasil; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Informações, acerca dos valores arrecadados nos meses de janeiro a abril do corrente ano, discriminados mês a mês, pela Administração Centralizada, com IPTU, retorno do ICM, ISSQN e taxas diversas, os valores das despesas com pessoal da Administração Centralizada, no mesmo período, mês a mês, os valores transferidos no período, mês a mês, para o DEMHAB e o DMLU e a que título e a discriminação, mês a mês, do valor total das despesas efetuadas, no período, pela Administração Centralizada; 02 Pedidos de Providências, solicitando recuperação da iluminação na Avenida A.J. Renner, trecho compreendido entre os n.ºs 675 e 1603; reposição de calçamento em paralelepípedos na Rua Dr. João de Deus Vaz da Silva, em frente à parada de ônibus; pelo Ver. Jaques Machado, 01 Pedido de Providências, solicitando reparos no calçamento da Rua Pará, esquina Berlim; pela Ver.ª Teresinha Irigaray, 01 Pedido de Providências, solicitando colocação de lâmpadas no Beco de Servidão lateral do valão próximo à Rua Cristovão Jaques, 135. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios n.ºs 151/87, do Sr. Secretário da Segurança Pública; 155/87, do Sr. Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembléia Legislativa do Estado; 243/87, do Sr. Prefeito Municipal; s/n.º, do Sr. Diretor da Divisão de Rádios da RBS; Telex do Sr. Presidente da RBS. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi mantido o Veto Parcial aposto ao Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87, por dezoito votos SIM contra três votos NÃO, no que se refere ao art. 1º, § 1º e por dezenove votos SIM contra dois votos NÃO, no que se refere ao art. 2º, inciso VI, após ter sido discutido pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Lauro Hagemann, Hermes Dutra, Jorge Goularte, Marcinho Medeiros, Clóvis Brum, Luiz Braz e Jussara Cony e ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Cleom Guatimozim, Raul Casa, Antonio Hohlfeldt e Lauro Hagemann. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Cleom Guatimozim, acerca da necessidade de que o Parlamento que se encontre na tribuna se atenha ao projeto que se encontrar em processo de discussão; acerca da votação do Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo n.º 12/87. A seguir, por solicitação do Ver. Aranha Filho, foi efetuada nova verificação de “quorum”. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às treze horas e vinte e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para reunião conjunta de Comissões a ser realizada segunda-feira, às nove horas e para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Teresinha Irigaray, Jaques Machado e Frederico Barbosa e secretariados pelos Vereadores Frederico Barbosa, Jaques Machado, Teresinha Irigaray e Kenny Braga, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Frederico Barbosa, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidentes e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores
para verificação de "quorum".
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à chamada.)
Há "quorum", Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo "quorum",
passamos à
ORDEM DO DIA
PROC. 0513 - VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 12/87, que concede aumento de
vencimentos aos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do Município
e dá outras providências.
- da CJR.
Relator, Vereador Caio Lustosa: pela rejeição.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra para discutir.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Para nós, que não somos da situação, já está ficando difícil ter alguma
novidade a dizer aqui, a propósito de cada veto na medida em que os motivos dos
vetos se repetem aleatória e cansativamente. Invoca-se sempre a
inconstitucionalidade e a contrariedade ao interesse público. Eu não consigo
imaginar, por exemplo, onde existe qualquer contrariedade no interesse público
quando se pretende limitar o horário de trabalhos dos funcionários públicos
municipais, quando historicamente se sabe - e o Ver. Pedro Ruas, que é um
advogado trabalhista, tem atuado em defesa de trabalhadores e conhece bem a
evolução social do trabalho -, se tem dados concretos, hoje, de que a qualidade
de trabalho é ampliada na medida em que se diminui a quantidade de horas de serviço.
Na medida em que as pessoas têm mais dedicação, têm mais vontade, ampliam o seu
trabalho não pelo número de horas dedicadas, mas, sim, pelas condições em que
podem desenvolver o seu trabalho. Esta foi uma, inclusive, das justificativas
históricas através das quais, ao longo de anos, na Europa, nos Estados Unidos,
no Canadá, nos países civilizados - com exceção de Porto Alegre, bem entendido
-, concederam o sábado inglês a trabalhadores de um modo geral. Tomamos a
história, por exemplo, das grandes empresas que, ao invés de ampliar a sua
jornada de trabalho, a diminuíram através, inclusive, do seu seccionamento. Ao
invés de se ter três horas corridas, se tem, hoje, três blocos de duas horas e
trinta minutos, porque se descobriu que com pequenos intervalos mais sucessivos
com bons ambientes, o cuidado, inclusive, na montagem do trabalho, facilita e
amplia a produção com resultados maiores para a empresa.
É interessante se registrar, igualmente, a propósito da Emenda do Ver. Lauro Hagemann, vetada pelo Sr. Prefeito Municipal, que Brasil e Venezuela são os únicos dois países que mantêm, por incrível que pareça, ainda, a jornada das 48 horas semanais. Todos os demais países aboliram esta jornada. Eu acho difícil de se entender que, num discurso socialista de campanha, se consiga encaixar a negação à redução da jornada de trabalho do funcionário público municipal. Acho difícil compreender e poderia até, eventualmente, aceitar o fato de que não é possível aumentar o funcionalismo público, mas é difícil de entender que, buscada uma alternativa que não implica despesa, implica, inclusive, ao contrário, uma possibilidade de qualificação deste trabalho, também aí o socialismo moreno seja contra, o socialismo moreno não possa aceitar redução de uma jornada de trabalho, que significa, inequivocamente, mais uma conquista social, mais um avanço dentro da possibilidade da hora livre, da hora de lazer, do trabalhador dedicar a sua família.
Sobre o segundo veto, cuja Emenda é de minha autoria, eu apenas quero o
cumprimento de uma promessa, de uma afirmativa feita aqui pela situação quando
discutíamos as questões salariais em janeiro e quando se concedia, através de
um projeto específico, aumento ao secretariado, sem se dar o mesmo aumento ao
funcionalismo.
Eu apenas quero aqui chamar a atenção dos Srs. Vereadores, porque,
infelizmente para nós todos, andei certo quando desconfiei do item 6º do art.
2º, quando desconfiei de uma frase pretensamente ingênua, que dizia apenas:
“Serão acrescidos 37%, calculados sobre os valores vigentes em 28 de fevereiro
de 1987 (...) 6º: Todos os demais casos não previstos na presente Lei”. Eu
desconfiei que “todos os demais casos não previstos na presente Lei” não eram
quaisquer casos, mas eram, casualmente, aqueles que eu busquei, então, por uma
questão de justiça, excluir: os Secretários Municipais, os Diretores-Gerais de
Autarquias e o Procurador-Geral do Município.
Nós criticamos nesta Casa - e eu ouvi Vereadores do PDT criticarem - os
auto-aumentos concedidos pelos Srs. Senadores e Deputados Federais no final de
1986 e início de 1987. E vejo surpreso, agora, que quando toca nos Secretários,
que através do Sr. Prefeito se auto-aumentam, então mudou o critério. Eles
podem. E fico perguntando-me como vai fazer o Prefeito Collares para identificar
as notas de quinhentos que vão para os Secretários e as notas de quinhentos que
não vão para o funcionalismo, porque, pelo jeito, o Prefeito entende que
dinheiro tem retrato. Nota para Secretário e Procurador existe. Nota para
funcionário público não tem.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria que V.Exa. usasse a nota de cem cruzados.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sim, Vereador, o
funcionalismo não chega nunca nas notas de quinhentos.
O Sr. Jorge Goularte: Realmente, no líquido, não
vai chegar lá.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Perfeito. Concordo
plenamente com V.Exa. Mas vejam V.Exas.: todos nós fomos brindados no início de
março, infelizmente na maioria dos casos, com atraso de mais de 15 dias em
relação à Semana de Porto Alegre, com panfletos deste tipo a que se somava um
calhamaço em papel cuchê, riquíssimo, declarando todas do Sr. Prefeito
Municipal. Utilizou a PROCEMPA, o sistema de etiquetagem e endereçamento. Eu
recebi um panfleto desses não enquanto Vereador, mas enquanto cidadão,
contribuinte de imposto nesta Cidade, tanto que mencionava apenas o meu nome e
endereço e não mencionava, especificamente, “ao Vereador” - que para isso
existe dinheiro, para um panfleto desses, que deve ter sido feito aos milhões -
e eu fiz, na semana passada, um Pedido de Informações a respeito disso -, tem
dinheiro; para aumento de funcionário não tem dinheiro. Agora, superou-se tudo
com este panfleto multicolorido, padrão global.
(Mostra o panfleto.)
Este panfleto, sem autoria, diga-se de passagem, sem responsabilidade,
é um panfleto que está sendo distribuído aos milhares, com promoção, pasmem os
Senhores, da Secretária Neuza Canabarro, com as pseudo-realizações da SMEC: “A
SMEC tem muita história para contar; a história começa antigamente”. E, a
partir daí, vem uma série de coisas que, na verdade, não são realizações da
Dona Neuza Canabarro. São as históricas conquistas da SMEC para chegarmos até a
uma realização de centros urbanos: os que existem e os que “vão” existir, mas que
não se diz que vão existir. No papel já existem.
Eu gostaria - e fiz o Pedido de Informações - de saber de onde saiu o
dinheiro para isso, e eu lembraria, Srs. Vereadores, que, quando discutimos
aqui o problema de Orçamento público deste ano e se falava da questão de
dinheiro para os CIEMs, me apavorava o fato de que se previam quatro milhões de
cruzados só para publicidade dos CIEMs. Ora, Senhores, ao que parece, a Sra.
Secretária da Educação e Cultura já gastou sua verba, porque isto, com toda a
certeza, custa mais de quatro milhões de cruzados, sem dúvida nenhuma, com o
colorido, com o tipo de papel, com a produção de um panfleto desse tipo. Não
tenho dúvidas de que já se usou a verba de publicidade.
Fiz um Pedido de Informações, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e
evidentemente vamos esperar 30 dias ou mais. Por isso, estranho que o Sr.
Prefeito Municipal vete por inconstitucionalidade. Mas se eu estou diminuindo
despesas! Quando digo que os Secretários não vão ganhar aumento, não estou
aumentando a despesa. Pelo contrário, estou diminuindo despesas, fazendo uma
poupança compulsória ao Sr. Prefeito Municipal. Ele pode fazer uma caixinha e
depositar para aplicar no próprio CIEM, sem nenhum problema. Mas é
inconstitucional. E quando nós propomos, senão um aumento, ao menos uma
qualificação e uma melhoria na qualidade de vida dos senhores funcionários
municipais, através da Emenda do Ver. Lauro Hagemann, isso também é
inconstitucional. Pois, para quem votou a favor de “senador biônico” na
Constituinte, não me surpreende, para quem, como o PDT, que só tem um “senador
biônico” e preferiu romper com a sua posição básica para garantir esse Senador,
não me surpreendem as incoerências. E aqui quero fazer justiça a alguns
Deputados Federais, como Floriceno Paixão, que se mantiveram coerentes com a
sua pregação. Mas, infelizmente, a maioria da Bancada do PDT, na Constituinte,
foi a favor do “senador biônico”, para manter o seu único.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, há um
Vereador inscrito, Eroni Carus, que cede seu tempo a V.Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço ao nobre Ver.
Eroni Carus.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM
(Questão de Ordem): Queria perguntar a V.Exa. o que está sendo discutido, se é o PDT e a
Constituinte, ou as posições do PDT no âmbito nacional.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, a Questão de
Ordem não é pertinente. A Mesa não pode responder à Questão de Ordem formulada
por V.Exa. porque a Mesa anunciou que estava em discussão geral e votação o
Veto Parcial ao PLE n.º 12/87.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Peço ao Vereador, requeiro,
que se prenda ao Processo, e não às posições do PDT, que não é partido dele em
plano nacional.
O SR. PRESIDENTE: S.Exa. o Ver. Antonio
Hohlfeldt falará, se concordarem os Srs. Vereadores Lauro Hagemann e Hermes
Dutra, no tempo que lhe é concedido pelo Ver. Eroni Carus.
(Assentimento dos Vereadores Lauro Hagemann e Hermes Dutra.)
V.Exa., Ver. Antonio Hohlfeldt, está com a palavra por mais 10 minutos.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço, Sr. Presidente,
aos Srs. Vereadores que aceitaram a troca da ordem e respondo à Liderança do
PDT que eu estou falando a respeito da matéria da Pauta, que é interesse do
PDT. Esta é a matéria da Pauta: a incoerência entre as promessas de campanha e
o descumprimento dessas promessas quando viraram poder. Isso é matéria da
Pauta. Porque não querer aceitar, por exemplo, a mobilização dos Srs.
funcionários municipais e o Sr. Prefeito chegar mesmo a se rebaixar, a ir para
o meio da rua de dedo em riste na cara de funcionário realmente não é um
comportamento compatível com o Sr. Prefeito Municipal. Na verdade, nós temos
que lastimar que, na mobilização de ontem, realmente, o Sr. Prefeito Municipal
não conseguiu nem ter o mesmo comportamento que, apesar de tudo, o Sr.
Governador do Estado está tendo.
O Sr. Cleom Guatimozim: Não demitiu como em
Fortaleza, onde o partido de V.Exa. está demitindo.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Está demitindo Vereador.
Agora, se V.Exa. me pedir um aparte regimental, eu lhe dou.
O SR. PRESIDENTE: Sr. Vereador, peço que
V.Exa. desconte o tempo. A Mesa apelará ao Plenário, porque depois vai ter que
apelar aos Senhores que hoje estão presentes para manter a ordem dos trabalhos,
e o fará rigidamente.
O Sr. Cleom Guatimozim: Sr. Presidente, peço
desculpas à Mesa e ao Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa não está se
dirigindo a ninguém, individualmente, e sim ao Plenário como um todo, de forma
normativa. Reinicia com a palavra o Ver. Antonio Hohlfeldt, descontando o tempo
que a Mesa interrompeu.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: O Ver. Cleom Guatimozim
menciona o fato de a Prefeita de Fortaleza, a Deputada Estadual na época, Maria
Luiza Fontineli, ter tido necessidade de demitir funcionários públicos
municipais. Está tendo necessidade de demitir, sim! Por quê? Porque ao
Presidente da República é que cabe liberar verbas para auxílio dos Municípios.
Ao longo de dois anos, até hoje, não liberou nenhum centavo para o Município de
Fortaleza. Porque o Governo do Estado de Fortaleza, tanto o anterior como este
da Nova República, cerca praticamente a Cidade de Fortaleza e impede realmente
qualquer possibilidade de convênio, de trabalho conjunto entre a Municipalidade
e o Estado. Então, entre não pagar para ninguém e explorar esse trabalho
sub-remunerado, é melhor diminuir a máquina e pagar a quem trabalhar. Até
porque entendo, Ver. Cleom Guatimozim, que o Poder Público não é casa de
caridade, e nós sabemos que também na Prefeitura de Porto Alegre existe um
segmento significativo de pessoas, não de funcionários, agregadas à folha de
pagamento, mas que não trabalham. Então, quem sabe dávamos também uma revisão
na folha para verificar quem ganha pela folha sem trabalhar, através da EPATUR,
através da FESC, por exemplo, e resolvemos descobrir algum dinheiro?
Mas o Ver. Cleom Guatimozim se antecipava numa observação que eu queria
fazer, que é a diferença entre a situação de Porto Alegre...
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Queria solidarizar-me com V.Exa. pela autoria da
Emenda, e penso que também os companheiros do PFL, porque ela visa a ajudar a
dar melhores condições aos trabalhadores braçais, operários da Prefeitura. Se o
Prefeito achar necessário o aumento de horário de trabalho, vai ter que pagar
mais para eles. O Ver. Raul Casa me avisa que estou falando em nome da Bancada
do PFL. Estamos de acordo com a Emenda de V.Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Agradeço a V.Exa. e à
Liderança do PFL. Mas quero chamar a atenção, inclusive, que o Jornal do
Comércio de hoje traz mais um detalhe de como se fazem despesas e se assumem
compromissos. Na página 16 há uma fotografia no espaço cercado, ou seja, espaço
pago - quem trabalha com publicidade sabe -, mostrando uma fotografia de um
“outdoor” do PDT, ou melhor, do Sr. Prefeito Municipal: “Gente boa de
Teresópolis, a pavimentação da Rua Sepé Tiaraju está pronta. Um abraço do
Collares”. Está pronta e evidentemente não foi o Prefeito Collares que fez a
pavimentação, me parece. Devem ter sido os funcionários da SMOV! Ou pior: como
lembra o Ver. Jorge Goularte, uma empreiteira que desvia, e o que pode custar
oito acaba custando 24. Então, Senhores, esta é a incoerência de um discurso,
antes, e de uma prática, hoje, que nós estamos cobrando. E eu chamaria a
atenção dos Srs. Vereadores - aqueles que ainda têm alguma dúvida sobre as emendas,
tanto a do Ver. Lauro Hagemann quanto a minha - que seria interessante nós nos
aprofundarmos no parecer do Ver. Caio Lustosa, porque ele aborda item por item
e rejeita item por item. As questões básicas levantadas, ou pretensamente
levantadas, pela Assessoria Jurídica do Executivo e derruba uma a uma, nessa
perspectiva da inconstitucionalidade ou da contrariedade ao interesse público.
Parece-me que, na verdade, não deveria nem ser necessário nós discutirmos a
questão. Eu entendo que um Governo, uma administração, sobretudo quando se
denomina socialista, ainda que morena, deveria ter, efetivamente, uma função
social na defesa do trabalhador, e se, por hipótese, podemos aceitar o “não tem
dinheiro”, poderíamos, ao menos, compensar a falta da verba por uma postura
social, pela aceitação de uma conquista social, que seria a redução da jornada
de trabalho. Eu lembraria... Inclusive o Ver. Lauro Hagemann e o Ver. Nilton
Comin estavam aqui quando conversamos com o Diretor do DMAE, Dr. Petersen, pelo
qual tenho o maior respeito. S.Exa. foi clara: “O DMAE não pode ter lucro como
empresa comum; ele deve ter a lucratividade suficiente para reinvestir”.
Perfeita filosofia! E eu diria: reinvestir não só em obras, como reinvestir no
seu funcionalismo. Acho que não é por um acaso que no DMAE está um dos
principais movimentos da greve de ontem e de hoje. Talvez, exatamente, pela
conscientização, pela politização dos nossos funcionários do DMAE que, através
dos anos, mantiveram a sua autonomia e a sua personalidade enquanto
funcionários municipais, entendendo que não precisam nem de favor, nem de
privilégio. Têm direito ao que lhes devem de justiça.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A Bancada do PFL já se expressou através da palavra
da ilustre Ver.ª Bernadete Vidal. Nós estamos absolutamente solidários,
coerentes. A nossa posição como bancada tem sido no sentido de sempre tentar
colaborar com o Governo de S.Exa., mas em assuntos relevantes, em Emendas, como
a de V.Exa., sábia e justa, porque, realmente, atinge e beneficia os
funcionários de mais baixa categoria. S.Exa., lamentavelmente, não conta com o
nosso apoio e muito menos com a nossa solidariedade.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado, Ver. Raul Casa.
Mas apenas por uma questão de justiça, a emenda relativa às 30 horas é do Ver.
Lauro Hagemann. A minha Emenda é a que retiraria este aumento dos 37%
extensivos ao Srs. Secretários.
Eu gostaria de chamar a atenção dos Srs. Vereadores, mais uma vez, e
deixar claro para que não fique mal interpretado. Não faz parte da minha
prática política, por questão pessoal minha, e os Vereadores que têm convivido
comigo nestes quatro anos sabem disto muito bem, qualquer posicionamento de
oportunismo. Quando apresentei a Emenda retirando o aumento dos Srs.
Secretários, apresentei-a porque cobrei o cumprimento de uma promessa, de um
compromisso. E quero deixar bem claro que não tenho uma posição, aqui, pessoal,
contrária a Secretários. Pelo contrário, há alguns Secretários que me honram
por serem amigos pessoais meus, pelos quais eu tenho enorme respeito pelos seus
trabalhos. Fui contra aquela modificação salarial em janeiro, e foi daquela
discussão que nasceu o compromisso de que os Secretários não teriam novo
aumento. O que nós estamos cobrando é apenas a coerência. Dizia-se que não
haveria novo aumento para o Secretariado sem haver, concomitantemente e
recuperativamente, ao funcionalismo público. É isso que queremos. Por que,
novamente, dois aumentos aos Secretários e, em compensação, aumentos abaixo do aspecto
da legalidade dos gatilhos para o funcionalismo público? Essa é a questão que
está em pauta, e nada mais do que isto. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica ao Plenário
que obedecerá rigorosamente ao Regimento Interno. Comunica também a todos que
nos honram com sua presença que, de acordo com este Regimento, são proibidas
quaisquer manifestações do Plenário.
Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, estamos a discutir nesta manhã o Veto Parcial do Sr. Prefeito ao
Projeto de Lei aprovado recentemente nesta Casa que deu um aumento salarial aos
funcionários da Prefeitura. S.Exa. achou por bem vetar duas Emendas que foram apostas
ao Projeto. Uma de minha autoria, que reduz para 30 horas semanais o regime de
trabalho do nível I da Prefeitura, e outra, do nobre Ver. Antonio Hohlfeldt,
que exclui do aumento os Srs. Secretários e Diretores de Autarquias. Eu lamento
pelo tempo perdido, porque, ao que tudo indica, o Veto Parcial não será
levantado. Lamento por mim, lamento por esta Casa e, principalmente, lamento
pelo enorme contingente de funcionários que não será beneficiado por esta
Emenda. Eu vou me ater às razões do Veto, até porque, não havendo possibilidade
de levantá-lo é preciso que fique registrada com bastante clareza nos Anais
essa discussão num momento crucial por que atravessa a sociedade brasileira, a
sociedade rio-grandense e a sociedade porto-alegrense. Estamos assistindo hoje
a uma greve do funcionalismo municipal desproporcionalmente reprimida pela
Brigada Militar. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica aos
senhores que nos dão a honra da presença que o Regimento Interno obriga a
Presidência da Casa a se manifestar para que não haja, por parte dos senhores
visitantes, manifestações. Enquanto não for revogado esse dispositivo, a
Presidência é obrigada a cumprir. Apelo aos senhores, para não ficar numa
posição simpática e antipática esta Presidência, que também, às vezes, gosta de
bater palma ou vaiar, por ser da natureza humana. Não coloquem esta Presidência
numa posição antipática por ter de cumprir o Regimento Interno. Encontra-se à
disposição dos senhores, que nos dão a honra de sua visita, o Regimento Interno
da Casa para ser analisado por quantos assim o desejarem. É só requerer que a
Diretoria Legislativa levará o respectivo documento às suas mãos.
(Manifestações nas galerias.)
A Assembléia Legislativa é a Assembléia Legislativa. Aqui tem de ser
cumprida a ordem - fiquem cientes disso. Não confundo democracia com anarquia.
O SR. LAURO HAGEMANN: Não foi objetivo deste
Vereador, ao assomar à tribuna, provocar vaias nem apupos dos funcionários que
nos assistem. Estou procurando cumprir o meu dever, fazendo registrar nos Anais
as minhas objeções ao Veto Parcial do Sr. Prefeito.
O Sr. Eroni Carus: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria que V.Exa. deixasse claro que, no âmbito
estadual, há 30 dias grassa violenta uma greve reivindicatória em que a Brigada
Militar em nenhum instante foi chamada para reprimir. Então, o assunto de
V.Exa. prende-se ao âmbito municipal, onde ela foi chamada para reprimir pelo
Sr. Prefeito Municipal. Então, é só para esclarecer e recolocarmos as coisas
nos lugares.
O SR. LAURO HAGEMANN: Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o Sr. Prefeito, iniciando a sua argumentação... E eu quero fazer um
registro muito especial por mais uma vez: eu não posso creditar ao Sr. Prefeito
Alceu Collares a responsabilidade por ter escrito as diatribes que escreveu nas
razões do Veto. Eu quero acreditar que S.Exa. assinou sem ler esta massaroca,
porque racionalmente não há como justificar o que se escreveu como razões de
Veto, e eu vou passar a analisá-las, embora com a limitação que o tempo me
impõe. S.Exa. diz que veta por inconstitucionais as duas emendas. Ora, o
passado do Sr. Alceu Collares como Vereador desta Cidade, como Deputado Federal
dos mais respeitáveis que já passaram pelo Parlamento brasileiro, um legislador
social profundamente reconhecido pela sociedade, não poderia ter escrito e
assinado o que vem a esta Casa como justificativa. O Sr. Prefeito Alceu
Collares não pode invocar dispositivos constitucionais frutos do arbítrio para
vetar propostas que visam a melhorar a situação do funcionalismo municipal.
S.Exa. não tem esse direito, me desculpe, com todo o apreço e respeito que
tenho ao Sr. Prefeito Municipal. O vício de inconstitucionalidade obedece a uma
visão anterior que já está ultrapassada, e nós precisamos ter a consciência de
que, nesse momento em que vive o País, nós não podemos justificar atitudes de
hoje com coisas do passado. Então, as razões de inconstitucionalidade não são
pertinentes às razões desse processo.
O Sr. Cleom Guatimozim: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu perguntaria a V.Exa., se os frutos do arbítrio
ainda existem, por que não foram revogados pela Nova República, que é do povo?
O SR. LAURO HAGEMANN: Nobre Ver. Cleom
Guatimozim, eu disse claramente que estão sendo removidos, não que foram
removidos. Eles existem - V.Exa. tem razão. Ninguém ignora isto. Nós não
estamos aqui para tapar o sol com a peneira. Existem muitas coisas a serem
removidas neste País, mas na medida em que uma autoridade pública, como o Sr.
Prefeito, que pode removê-la não o faz, prefere se justificar com a época
anterior...
Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um aspecto da justificativa
do Veto que me preocupa, e deve preocupar esta Casa e a posteridade. E o Sr.
Prefeito, com uma fraseologia que certamente não lhe pertence - eu já disse
isto, posto que vem da deteriorada sociologia norte-americana -, ele diz aqui,
e repito “ipsis litteris”: “no mesmo passo são discriminados os agentes
públicos” - abre parêntese - “agente político e agente administrativo” - fecha
parêntese, “na concessão do reajustamento geral de percepção pecuniária”. Ora,
ao fazer esta afirmativa, ao escrever e assiná-la, o Sr. Prefeito peca por
esquecimento deliberado. Esta Câmara, por um projeto do próprio Executivo,
reajustou o salário dos Secretários e dos dirigentes de Autarquias, os ditos
agentes políticos e agentes administrativos, e não, na mesma ocasião, reajustou
nenhum centavo no salário dos servidores municipais, naquela anterior
oportunidade. O aumento foi específico para os Secretários e para dirigentes de
Autarquias. Então, não se pode falar em discriminação, porque ela houve
anteriormente - não houve agora.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Aranha Filho se
inscreve. Tendo findo do Ver. Lauro Hagemann, a Mesa consulta os Srs. Vereadores
Hermes Dutra e Jorge Goularte se concordam que o Vereador, da tribuna, continue
com o seu pronunciamento no tempo que lhe cede o Ver. Aranha Filho. V.Exa. terá
mais 10 minutos cedidos pelo Ver. Aranha Filho.
(Assentimento dos Vereadores Hermes Dutra e Jorge Goularte.)
O SR. LAURO HAGEMANN: Sou profundamente
agradecido ao Ver. Aranha Filho e aos Vereadores que permitiram a cessão do
tempo por antecipação. Prossigo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Quero
examinar o primor da matéria contida na Exposição de Motivos, nas razões do
Veto. É quando o Sr. Prefeito, para justificar o injustificável, tropeço nos
mais elementares equívocos filosóficos, teóricos, políticos. Deveria supor que
o Sr. Prefeito, por todo seu passado de lutas e pela sua pregação hodierna de
um socialismo com o adjetivo que quiserem, poderia e deveria supor que o Sr.
Prefeito não estivesse mais à mercê do moralismo burguês, mas lamentavelmente
me engano.
O Sr. Marcinho Medeiros: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de fazer uma solicitação à Mesa para colocar
som lá fora para que aqueles funcionários que lá estão possam ouvir o que o
Ver. Lauro Hagemann está dizendo.
O SR. LAURO HAGEMANN: Aceito esta forma de
aparte.
O SR. PRESIDENTE: Dentro das precariedades
que este Legislativo tem nas suas finanças, irá providenciar no requerido pelo
ilustre Vereador.
O SR. LAURO HAGEMANN: Dizia que me enganei e se
enganaram todos os que pensavam que o Sr. Prefeito não estivesse mais atrelado
ao moralismo burguês. Ele não só está atrelado ao moralismo burguês, mas, pela
justificativa, diz claramente que acredita neste moralismo. E por quê? Diz
aqui, nas razões do Veto, que o Direito regula a vida social. Este fato,
segundo o conhecimento geral expresso no século passado por alguns pensadores,
filósofos, cientistas políticos, esta maneira de pensar é antagônica. Não é o
Direito que regula a vida social, é o inverso; é a vida social, são os
acontecimentos sociais, são os fatos sociais que produzem o Direito. Isso
qualquer estudante de curso primário sabe. Por isso é que repito: acho que o
Sr. Prefeito não leu o que mandou para esta Casa, porque, com a informação que
ele tem, com o passado que ele tem, ele não teria assinado isso se tivesse
lido. Os interesses das classes sociais e suas relações entre si é que
determinam o Direito, e não o contrário. É esta a essência do Direito. Isso é
mais elementar para qualquer homem que se coloca na vida desde uma postura de
esquerda, como alega o Sr. Prefeito que se posta. Postura de esquerda quer
dizer uma postura da classe dominada, que luta por ultrapassar essa fase da
vida da sociedade, de dominado para dominador, ou, no mínimo, um equilíbrio
relativo numa etapa intermediária. O Direito, como todo o mundo sabe, é a parte
superestrutural da sociedade e, portanto, expressa o Direito a vontade da
classe dominante, embora não totalmente em razão da luta de classes que, eu
continuo insistindo, é o motor da História, apesar de muitos não quererem.
Então, o Sr. Prefeito Municipal se coloca numa posição francamente
antagônica à sua pregação. E, assim, ao procurar justificar o alegado Veto
formal, o Sr. Prefeito tropeça no mais elementar conhecimento do mundo: a vida,
antes de ser formal, antes de ser regulada pelo Direito, é regulada pelas relações
entre as classes sociais e, por isso, pela política. Procurar buscar a
justificativa de que o Direito e a administração devem conjugar-se sem nenhuma
visão crítica nesse tipo de procedimento, além de se constituir num grave erro
político, representa um retrocesso filosófico que, eu volto a insistir, a
própria doutrina do PDT condena.
Há um outro aspecto ainda, seguindo a linha de argumentação do Prefeito
na sustentação do Veto. Não há nada que justifique a informação de que a
mudança da carga horária implique revisão salarial de todos os servidores. O
que existe, realmente, é a busca de uma atitude que minore o sofrimento da
maioria da classe trabalhadora do Brasil, esmagada por um salário miserável e
insuficiente para o seu próprio sustento. É o que está se tentando fazer a
nível local, trazendo para o âmbito do Município esta visão.
O Sr. Prefeito, na justificativa, ele escreve e assina um trecho que é
antológico. Diz aqui, em um determinado instante da assertiva prefeitoral: “Na
adequação da Emenda ao mundo fático, constata-se que não há, na Administração
Municipal, o regime de trabalho de 30 horas semanais para o padrão I, o que
vale dizer: não existe o correspondido no mundo fático.” Srs. Vereadores, eu já
disse e repito: é antológica esta afirmativa. Ora, se ela não existe no mundo
fático, o que é que fez esta Casa ao propor a redução concreta para 30 horas
semanais? Isso chega às raias do inconcebível. Eu peço desculpas, num
parêntese, porque não é do meu feitio pronunciar palavras duras. Não costumo
agredir ninguém e não quero com isso que passe de leve pela cabeça de qualquer
um que eu esteja a agredir o Sr. Prefeito Municipal. Estou-me atendo
exclusivamente ao que está escrito, não estou inventando nada. Este trecho -
repito pela terceira vez - é antológico e, se S.Exa. tivesse lido este
documento, ele certamente não o teria subscrito.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu dou os meus cumprimento a V.Exa. pela análise que
está fazendo e peço vênia para que V.Exa. analise esta disposição aqui, sobre a
qual não sei se V.Exa. concorda, se é algo para se colocar num mural: “A
Medicina, que é a arte e ciência de curar, estacou-se, evolutivamente, na
medida em que se debruçou sobre a técnica operatória”. Prefiro a morte a
morrer.
O SR. LAURO HAGEMANN: Nobre Vereador, a filosofia
popular tem um dito, eu não vou repetir, porque também não é conveniente ao
ambiente em que estamos vivendo. Mas quem tiver um pouco de memória pode
relembrar o que V.Exa. está dizendo, com aquilo que diz o povo.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Realmente, eu quero cumprimentá-lo pelo brilhantismo
da explanação. V.Exa. faz uma análise da situação do funcionalismo baseado em
pressupostos filosóficos marxistas e recebe, imediatamente, a adesão do novo
marxista da Casa, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. LAURO HAGEMANN: Nobre Ver. Kenny Braga, eu
não tenho o poder de censurar ninguém. Nem quero.
O Sr. Jorge Goularte: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Permite, nobre Ver. Lauro Hagemann, já que eu fui
chamado ao debate. Não vai ser um Kenny Braga da vida que vai me dar ideologias
futuras e nem presentes, porque jamais me deu no passado. Nada acrescentou à
minha atuação parlamentar, que é conhecida da população.
O SR. LAURO HAGEMANN: Eu vou fazer de conta que
os apartes não compõem o meu discurso. Estão fora do mundo fático, como diz o
Ver. Jorge Goularte.
Eu vou encerrar o meu pronunciamento. Volto a lamentar a constatação
fática de que os Vetos Parciais do Sr. Prefeito a este Projeto de Lei
infelizmente não poderão ser levantados. Há uma nítida tendência no Plenário de
que sejam mantidos estes Vetos. Mas eu tive a necessidade de vir a esta tribuna
gastar um pouco mais do tempo de todos para que estas coisas ficassem
registradas. Amanhã, não sei daqui a quanto tempo, quando se recompuser a
História deste Legislativo, alguém há de vir a compulsar os Anais e verificar
que Porto Alegre, no dia 8 de maio de 1987, numa Sessão matutina, discutiu um
assunto que interessava e que fazia parte de um processo de evolução da
sociedade e que, por razões que não competem a mim julgar, não foi possível de
ser conquistado.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nada mais posso fazer do
que chamar fraternalmente a atenção de todos os meus pares para que rejeitem o
Veto do Sr. Prefeito a essas duas emendas, não porque sejam uma delas de minha
autoria e a outra do nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, mas porque elas representam
o restabelecimento de um equilíbrio, de uma injustiça. Em última instância, a
minha Emenda pretende apenas reduzir o horário de trabalho de uma imensa faixa
funcional, estabelecendo a justiça entre esta faixa I e as demais faixas que já
têm 30 horas semanais. É só isso. É tão pequena! É tão singela esta tentativa
de restabelecer o equilíbrio, que não me passa pela cabeça que alguém, de sã
consciência, possa se manifestar contra ela. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
Hermes Dutra, que está com a palavra para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Eu fui Líder do PDS na Câmara quando o Sr. João Antônio Dib era
Prefeito e liderava uma bancada de dez Vereadores, na época, e me lembro das
dificuldades que tinha em conseguir conciliar os interesses do Executivo com as
aspirações e desejos da população, da classe municipária, enfim, aquilo que
elementarmente se aprende nas faculdades de Economia: é conjunto de
necessidades ilimitadas para um volume de recursos escassos. Mas tinha uma
questão interna na minha Bancada, que eu tinha que estar sempre administrando.
Me recordo que o Ver. Zanella era um dos que mais reclamava. Era contra as
justificativas encaminhadas pelo Sr. Prefeito. Só faço essa alusão, Ver. Aranha
Filho, para imaginar se nós recebêssemos justificativa como essa para um veto
aposto a uma emenda. Eu, até por dever de coerência, sou um homem de posições.
Em termos legais e em parte, a Emenda do Ver. Lauro Hagemann, realmente, tem
alguns defeitos. Hoje, quando lia de forma mais atenta - porque no dia do
aumento dos funcionários não me dei conta -, até admito que ela pode ter alguma
falha, mas a justificativa encaminhada pelo Executivo Municipal para vetá-la
acho que é antológica. Sai do mundo fático para ficar no mundo de Pirandelo.
Para quem não sabe, Pirandelo era aquele italiano que inventava as realidades
para vivê-las porque se beneficiava delas; “Um dia, um sujeito enlouqueceu e
pensou que era rei. A mulher, para tentar curá-lo, se tornou rainha; os filhos
eram os príncipes; havia vassalos. Um dia, o camarada melhorou, e se deu conta:
‘se digo que me curei, vou perder essas mordomias’. E continuou se fazendo de
louco para continuar sendo rei, ter vassalos”. Então, isso Pirandelo escrevia,
da realidade que não existe. É para onde coloco essa justificativa. Realmente,
ela não está no mundo fático. O Prefeito poderia vetar dizendo que não
concorda. Ele tem o direito de fazê-lo. Se está certo ou não é outra questão.
Agora, esse calhamaço é coisa para Pirandelo.
O Sr. Raul Casa: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Se V.Exa. me permitir, vou ler trecho do Veto do Sr.
Prefeito, onde diz: “técnica é maneira, jeito ou habilidade especial de
executar ou fazer algo; assim é administrar”. E veja bem o tangenciamento: “a
Medicina, que é a arte e a ciência de curar, destacou-se, evolutivamente, na
medida que se debruçou sobre a técnica operatória”. Isso faz parte da
justificativa de Veto do Sr. Prefeito. É realmente um linguajar que não se
coaduna com o tipo de política que S.Exa. pretende exercer em Porto Alegre. É
fantástico e é empolado.
O SR. HERMES DUTRA: Mas, Vereador, eu acho que
não há outra maneira de o PDT fazer para explicar o porquê que quando o PDS
estava no Poder o funcionalismo público municipal tinha um teto salarial de 1.5
salários mínimos e hoje tem, mal e parcamente, um teto de 1.25 salários
mínimos. Então, como não há forma de explicar no mundo real, no mundo fático,
como diz o Prefeito - parto para o lado esotérico da questão. Não há como
explicar. Não há socialismo que explique por que os funcionários ganhavam no
ano passado um teto de 1.5 e hoje ganham 1.25. Quer dizer, cresceu como cola de
cavalo: para baixo.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero me ater, de uma forma
muito particular, a uma Emenda que foi apresentada pelo Ver. Antonio Hohlfeldt
com relação aos Secretários Municipais. E faço isso com autoridade, como autor
de um Substitutivo, e fui um defensor nesta Casa de que o Secretário deveria
ser melhor remunerado. Finalmente a Casa atendeu os anseios e nos mês de
janeiro propôs uma nova remuneração, que passou a viger a partir do mês de
fevereiro para os Srs. Secretários Municipais. Remuneração justa, de acordo com
a dignidade do cargo, conforme diz o Sr. Prefeito, lá pelas tantas, no seu
arrazoado calhamaçatório de justificativa do Veto. Mas vejam bem: se nós
consideramos o salário dos Secretários necessitando de um reordenamento no mês
de janeiro para viger em fevereiro, é natural e óbvio que nós vivíamos o momento
se no mês de março o Sr. Prefeito dá aumento aos Srs. Secretários. E, repito,
foi de autoria minha o Substitutivo. Por isso que falo com a maior autoridade.
E não vou aceitar patrulhamento. Se no mês de março o Sr. Prefeito Municipal
aumentou os funcionários e no Substitutivo que deu o salário para os
Secretários se dizia que eles seriam reajustados nas mesmas proporções que os
funcionários municipais, qual era o espirito da lei? Era o de que o Secretário
Municipal não tivesse defasagem salarial em relação ao funcionalismo no mês de
janeiro. Ora, o funcionário municipal teve o último aumento faz tanto tempo,
que eu nem me lembro. Foi lá pelo mês de setembro, se não me engano. O
Secretário teve aumento em janeiro. É claro que não se podia tratar duas coisas
desiguais igualmente. E foi o que aconteceu. Não é do Rui Barbosa. Se não me
engano - eu não sou advogado -, isso aqui é um princípio do Direito chamado
“Princípio Aristotélico”. É que não se pode tratar igualmente coisas desiguais.
Desculpem, é que eu não sou advogado.
Então, vejam V.Exas. que o espírito da lei era realmente que se, os
funcionários fossem aumentados, como deveriam ter sido no mês de janeiro, então
os Secretário teriam tido aquele aumento previsto na lei, que aumentou
razoavelmente o seu salário e, a partir dali, toda vez que o funcionário
tivesse um aumento de salário, o mesmo percentual seria dado aos Secretários.
Este era o espírito da lei. Ora, como se tratou coisas desiguais de forma
igual, o Ver. Antonio Hohlfeldt tentou, com uma emenda, resolver em parte o
problema, porque eu acho que os Srs. Secretários, efetivamente, mereceriam um
aumento em torno de 10%, e não os 37% que lhes foram dados. E como não havia
forma de, na hora, fazer esta correção, houve uma Declaração de Voto, se não me
engano assinada pela Bancada do PFL, dizendo que isto devia merecer um novo
Projeto de Lei, imediatamente, dando aos Secretários o aumento correspondente
na proporção que fora dado aos municipários, não no mesmo percentual.
Lamentavelmente, o Prefeito vetou e nós teremos os Secretários agora, a meu
juízo, com salários excessivamente altos. Para mim eles estão ganhando demais
por artifício de uma lei votada nesta Casa com um objetivo cujo espírito não
foi entendido pelo Executivo Municipal.
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Quero dizer a V.Exa., só porque afirmei daqui que era
Rui Barbosa, que realmente é. Ele dizia: “tratar desiguais com igualdade é
desigualdade flagrante”.
O SR. HERMES DUTRA: Então, devo dizer a V.Exa.
que Rui Barbosa, certamente, imitou a um princípio de Direito Aristotélico. Ele
deve ter se baseado, porque Aristóteles nasceu alguns anos antes de Rui
Barbosa. Eu quero deixar bem claro que não estou duvidando que Rui Barbosa
tenha dito isto, só que o princípio fundamental é de Aristóteles.
O Sr. Adão Eliseu: É que depois dos gregos
ninguém inventou mais nada.
O SR. HERMES DUTRA: Isto é verdade. Nada se
cria, tudo se copia. Mas, Sr. Presidente, para concluir, nossa Bancada vai
votar contra o Veto, embora seja um voto inócuo, porque o PDT não dá o número
necessário e, afinal de contas, o pessoal do PDT está aqui eleito pelo povo.
Nós não temos o que reclamar desta questão. Como diz o ditado: “votaram nos
homens, agora têm que agüentar”. Esta é a grande verdade. De nossa parte, nós
não mudamos o nosso discurso. Nós continuamos com a mesma opinião que tivemos
sempre: o funcionário público deve continuar com as suas conquistas. Devagar,
talvez, um pouco mais depressa, quem sabe, mas deve ampliar as suas conquistas.
Agora, não se pode, sob hipótese alguma, aceitar que estas conquistas sejam
diminuídas, porque isso representa um retrocesso. Na verdade, nós não podemos
concordar com esta política salarial do funcionalismo público municipal, que
não traz benefício nenhum. Acho, inclusive, que está a merecer um estudo. Até
vou falar depois com o Ver. Lauro Hagemann para resolver este problema das 40
horas. Eu, pessoalmente, tenho sérias divergências quanto à redução de carga
horária, porque implica sempre aquela questão que cada vez mais se põe
penduricalhos no salário do funcionário público municipal e ele não tem
condições de ter um bom salário por causa disso. A questão do funcionalismo
público municipal está a merecer uma nova análise, e profunda, desta Casa, em
que todo mundo tenha um regime de trabalho que não dependa da boa vontade do
chefe imediato para convocação para RTI, RDE e outros tantos penduricalhos -
até faço justiça: não é culpa da atual Administração; isso vem de anos e anos
-, para que se evite o que vimos na imprensa, hoje, com a ameaça de se retirar
o RTI, o RDE de quem for fazer piquetes, ou fazer greve, que o jornal está
publicando e que são atribuídas ao Executivo Municipal.
Repito: a nossa Bancada vai votar contra os Vetos porque entende que,
se as Emendas não são efetivamente a melhor coisa que se poderia oferecer aos
funcionários, o Veto é pior. A emenda é pior que o soneto. Perdoem a
comparação. Mas devemos, efetivamente, mostrar ao Executivo Municipal que
deverá dar um aumento para os funcionários nos próximos dias. Que recupere,
neste Projeto de Lei, já que tem iniciativa para tanto, as perdas salariais que
os funcionários municipais estão tendo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha
Irigaray):
Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs.
Vereadores, o Vereador socialista moreno, não tão moreno nem tão socialista,
Kenny Braga resolve dizer que eu sou um novo marxista. E confunde o Vereador a
discussão de um projeto com ideologia de um sistema de governo. Mas confuso já
anda o PDT há muito tempo. Muito tempo! Nesta Casa, nós temos visto ultimamente
e recebido vetos com Exposição de Motivos que são uma verdadeira graça. Em dois
projetos deste Vereador, há poucos dias atrás, os motivos eram de que os
Vereadores que apresentam os projetos estariam usurpando os direitos que o
nobre alcaide municipal tem de determinar o momento exato de quando deve tomar
ou não decisões.
Mas eu queria dizer aos funcionários, e a imensa maioria me conhece há
muitos anos, para que observem as diferenças de comportamento das pessoas.
Quando suplente em exercício nesta Câmara, e pertencendo à Bancada do Prefeito,
inúmeras vezes derrubei vetos de projetos do Poder Executivo quando entendia
justas as reivindicações e justas as razões do projeto. Agora, o que se vê
nesta Casa, e é preciso que os funcionários municipais se dêem conta disto, é
um trabalhar sem fim, uma luta inglória, que muitas vezes cruza as madrugadas e
que não leva absolutamente a nada. Existem nesta Casa, e é preciso que isto
seja dito e grifado, um verdadeiro rolo compressor por parte do partido do
governo e, por mais esforços que façamos, por mais que sejam justas as
manifestações da tribuna, por mais veementes que sejam os nossos apelos, a
Bancada do PDT me parece que não tem disposição nem de discutir os projetos, e
simplesmente segue as determinações superiores, como se legislar fosse algo que
dependesse de superposições, que dependesse de autoridades supremas. É difícil
o momento que estamos vivendo e é preciso que alguma coisa seja feita para que
o parlamentar tenha o direito de pensar e de colocar em prática aquilo que
pretende. As emendas a este Projeto são altamente meritórias, são justas, corrigem
injustiças enormes. Pois não tenham dúvidas e não se iludam os nobres
funcionários que nos dão a honra de estar hoje neste Plenário: não vai a
Bancada do PDT dar o voto necessário para a derrubada do Veto. E até é bom que
se faça justiça aos que aqui estão presentes, desta Bancada, pois isto já é
alguma coisa, uma vez que, na verdade, o PDT não tem nem interesse de se
apresentar em Plenário para dar, ao menos, a impressão de que vai discutir o
Veto. Chegou a tal ponto a situação, que a imensa maioria da Bancada do PDT,
que tem 13 Vereadores.. E não tem mais exatamente pela posição que assume, que
deve estar na Casa com 50% da Bancada, no máximo. É algo de desmotivar o homem
público. Quando pensamos em soluções, quando se apresentam ao Poder Executivo
alternativas válidas para projetos eivados de erros, simplesmente ficamos a
discutir para cair em nada. De qualquer maneira, considero positivas e válidas
as posições do Plenário. Não é por ser suplente que o Vereador tem de cabecear.
Aquele número de votos que ele teve representa um segmento da comunidade que
espera por sua posição independente. Penso que o respeito partidário às linhas
programáticas tem um limite, e é em nome desse limite que nem sigla tenho, de
tão desmotivado e decepcionado com as decisões que se tomam em nome de
interesses que não são os melhores para a comunidade.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V.Exa. tem conhecimento suficiente da condição de
suplente porque foi suplente nesta Casa durante muitos anos. V.Exa. não está
discutindo o Projeto. Está fazendo um ataque cerrado e injustificado à Bancada
do PDT. Digo a V.Exa., para fazer justiça aos presentes: pois a Bancada do PDT
está aqui para dar apoio irrestrito à Administração Alceu Collares e esta é uma
bancada séria e disciplinada. Não faz como outras bancadas que, na hora em que
o Executivo precisa do apoio, lhe negam. Queria saber de V.Exa. qual é o
programa do partido independente e o que o partido independente pensa sobre a
questão do funcionalismo municipal, estadual e federal?
O SR. JORGE GOULARTE: Nobre Ver. Kenny Braga,
como sempre equivocado: em princípio, queria que eu fosse marxista e agora quer
tornar a posição de um Vereador sem partido como se fosse um partido, mas é
muito melhor o Vereador estar sem partido do que rastejar, cabrestear e andar
de joelhos. V.Exa. mesmo disse, com todas as letras, com todas os sons
possíveis, que V.Exa. está aqui para apoiar irrestritamente tudo o que vier do
Poder Executivo, por mais absurdo que seja e bestial! Porque, convenhamos, a
justificativa desse Veto é algo assim de se pensar de onde veio, que espírito
maligno inspirou o nobre Alceu de Deus, ou de Oxalá, Collares. Não há, de minha
parte, nenhum problema em ter sido suplente nesta Casa, e até digo, por vários
anos, pois, como suplente, Ver. Kenny Braga, eu nunca me curvei ao Poder
Executivo. E olho nos olhos das pessoas: que me contestem, se não é verdadeira.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Jorge Goularte, embora pedindo perdão
antecipadamente pela quebra do tema, mas eu queria acrescentar ao discurso de
V.Exa. uma informação que nos chegou agora. Enquanto se nega o aumento ao
funcionalismo, a Prefeitura está oficializando a tarifa de ônibus a 4 cruzados
e 30 centavos.
O SR. JORGE GOULARTE: Agradeço pelo tempo cedido
ao Ver. Wilson Santos, um Vereador que tem um conhecimento muito grande dessa
matéria e que abre mão de discutir porque, com certeza, está a concordar com o
posicionamento do seu colega.
Mas, Ver. Kenny Braga, para que V.Exa., veja - não é quebrar a linha de
raciocínio sobre o Projeto, que foi muito bem discutido pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt e por Lauro Hagemann -, mas se nós fôssemos, Ver. Kenny Braga, seguir
tudo que o partido diz, eu não teria ido a um comício pelas diretas e defendido
junto com as oposições. Eu não teria votado a volta do "quorum"
qualificado para a Câmara, com a volta do Glênio Peres e Marcos Klassmann. Eu
não teria ficado em Plenário para dar "quorum"; eu não teria
derrubado dezenas de vetos porque achei que não eram justos. Por isto, Ver.
Kenny Braga, eu tenho a independência, e eu não sou hoje um Vereador
independente - eu sempre fui. Hoje eu estou sem partido, o que é diferente.
Mas, com partido ou sem partido - e por sinal não entrei no seu partido para
não cabecear; até gostaria de ter entrado, mas não entrei para não cabecear,
sem ver líderes de pés de barro -, vou votar pela derrubada do Veto, mais uma
vez. Mas não se iludam os senhores funcionários. É ilusório. Enquanto este rolo
compressor estiver aí, dizendo que vai dar apoio incondicional a tudo o que
sair lá do Poder Executivo, nós estaremos aqui apenas pregando no deserto.
O Sr. Flávio Coulon: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para aduzir, acho lamentável que, além de nós
termos nossa inteligência afetada por este amazônico bestialógico que faz a
justificativa do Sr. Prefeito aqui - que, já falei outras vezes, está
tremendamente mal assessorado (a pessoa que escreve isto precisa ser urgentemente
demitida, porque estão ofendendo a inteligência dos Srs. Vereadores) -, além de
lamentar isto, sou obrigado a lamentar a intervenção do Ver. Kenny Braga,
porque ela desmascara a realidade, e infelizmente levanta ele uma comparação
com outros partidos que, ao analisarem os projetos, reúnem a bancada e dão
direito a que cada um coloque a sua posição democraticamente lá dentro, nenhum
recebendo ordem por telefone. Reuniu a bancada, deu o direito e foram lá votar
contra e falar contra a proposta do Governador, coisa que, infelizmente, aqui
não acontece. Basta uma simples ordem de Não: não se discute e se acata, todo o
mundo vota de acordo como o Prefeito manda votar - aqui reconhecido, com toda a
sua transparência, no que eu até cumprimento o Ver. Kenny Braga pela postura
adotada aqui. Agradeço.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Mas será que nenhum dos titulares pode votar contra
este Veto? A gente até entende, apesar de que no tempo de V.Exa. vi não-titulares,
suplentes, como V.Exa., votarem contra vetos, e eu também votava, seguido,
contra vetos. Mas será que um não-suplente, um titular, que não tem perigo de
perder a vaga, pode votar contra o Veto?
O SR. JORGE GOULARTE: Penso, Vereadora, que nem
esta permissão existe. Nem esta possibilidade tênue existe. Num projeto meu que
há poucos dias teve um veto, eu tive voto do nobre Vereador do PDT, e até
agradeço ao Ver. Adão Eliseu, que votou, mas teve até Vereador que,
lamentavelmente, adoeceu na hora de me dar o voto tão necessário, que eu tanto
precisava e que a comunidade, muito mais do que eu, precisava, de Centros
Integrados no Bairro para descentralizar a segurança, a saúde, as comunicações,
higiene dos bairros mais pobres.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Ver. Flávio Coulon define o conteúdo das
justificativas do Prefeito Alceu Collares como um bestialógico amazônico. Isto
dá a entender que a Bancada do PMDB é inteligente, é competente, é lúcida. É
tão competente, tão lúcida, tão inteligente, que o Governador Pedro Simon ainda
não conseguiu governar com o apoio competente, lúcido e esclarecido da Bancada
do PMDB na Assembléia Legislativa. Muito obrigado.
O SR. JORGE GOULARTE: O Ver. Kenny Braga me
trouxe um apoio que considero muito importante: o Vereador me criticou por eu
não estar discutindo o Projeto e agora me deu todos os motivos para que eu não
o faça, já que ele falou, até, no Governo Estadual num projeto de âmbito
municipal - aliás, um projeto de muito mau gosto.
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Jorge Goularte, meu amigo, meu irmão, me
desculpe, mas sou obrigado a discordar de algumas palavras, de algumas
referências do pronunciamento de V.Exa. e do aparte proferido pelo Ver. Flávio
Coulon. Eu não entendo como é que se pretende conquistar votos do PDT
fustigando-o, ofendendo-o com palavras ofensivas à Bancada, como se
estivéssemos ajoelhados diante do Prefeito Municipal. Francamente, acho que
isso é prejudicial. A população, os funcionários que aqui estão devem estar
registrando isso aí. Jamais se poderá receber com simpatia esse ataque quando
não se sabe ainda se todos os Vereadores do PDT vão votar a favor ou não. Me
parece uma forma errada de conquistar votos do PDT e vai prejudicar,
fatalmente, o Projeto. Muito obrigado.
O SR. JORGE GOULARTE: Mas, Ver. Adão Eliseu, é
como diz o Chacrinha: “Ajoelhou, tem que rezar”. Quando nós éramos governo - e
vejam que agora faço um elogio ao Plenário, sem querer ser reconhecido, apenas
fazendo justiça, um Plenário tranqüilo como este aí, ordeiro - nós, quando no
PDS, recebíamos buzinadas, megafones e democraticamente aceitávamos. Democracia
é isso também. É o contraditório, é aceitar-se exatamente o que a população
pensa. Isso é a democracia plena. Realmente, é mais difícil do que as ditaduras
para certas pessoas.
O Sr. Eroni Carus: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu queria agregar ao discurso de V.Exa. o
seguinte: quando é trazida ao Plenário a assertiva de que o Governador Pedro
Simon, em 60 dias, não conseguiu governar o Estado porque lhe foge o apoio
parlamentar de sua Bancada, não é verdade. A Assembléia Legislativa tem o seu
trabalho obstruído pela malta desordeira do PDT, que lá se instalou e lá faz
greve. E o PDT, diga-se, a bem da verdade, tem dois comportamentos: quer greve
na Assembléia Legislativa, e o seu Prefeito, em Porto Alegre, requisita a
Brigada Militar para terminar com a greve.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa pede aos
funcionários que se encontram aqui que se mantenham na mais absoluta ordem.
O Ver. Isaac Ainhorn cede seu tempo a V.Exa., Ver. Jorge Goularte.
V.Exa. passar a falar no tempo cedido pelo Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. JORGE GOULARTE: Vou concluir, mas antes faço
a defesa deste Plenário, que eu considero o mais ordeiro possível.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu acho que V.Exa. realmente, na tribuna, está
exercendo o democrático direito de opinião, de crítica, está na sua função.
Agora, o que é lamentável é assistir os oposicionistas de outrora que hoje
estão ao lado dos grevistas, porque V.Exa. foi PDS, foi ARENA e assume esta
condição. Agora, o PMDB é a ARENA moderna. E ontem, quando o antigo interventor
do Estado do Rio Grande do Sul se encontrava no exercício do Governo do Estado,
a exemplo do que ele fazia quando colocava a Brigada Militar a espancar pessoas
na frente da Praça da Matriz, ontem, da mesma forma, ele requisitou a Brigada
Militar lá para a frente do Palácio Piratini. O velho interventor Sinval
Guazzeli, homem desta ditadura, ao lado destes que se encontram hoje no PMDB.
Funcionário público é “malta de desordeiros”. Isto não é linguagem que se use!
Pode-se estar discutindo como hoje, Vereador. Nós, da Bancada do PDT, temos
divergências, temos questões em relação ao posicionamento da greve dos
funcionários públicos. Agora, o direito de greve deles é um direito sagrado e
que é respeitado pela Bancada do PDT. O exercício desta greve nós respeitamos.
Nós respeitamos, independentemente de partido, o direito do funcionalismo
público de fazer a sua legítima greve, porque greve é manifestação política, é
exercício de direito dentro de uma democracia.
O SR. JORGE GOULARTE: Eu só queria dizer, Ver.
Isaac Ainhorn, que eu fiz justiça à Bancada do PDT, àqueles que estão aqui
presentes. Acho que realmente deve-se reconhecer que ainda é altamente válido e
positivo mostrar-se a face e aquilo que se pensa. Eu lamento profundamente o
número de Vereadores ausentes do PDT.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Jorge Goularte, inclusive cumprimentando o
Ver. Isaac Ainhorn pela sua intervenção, queria até fazer um apelo ao Ver.
Isaac Ainhorn para que conversasse com o Prefeito Collares e passasse esta
posição dele, que eu não sei se é da Bancada, ao Prefeito, que talvez o
Prefeito pedisse para a Brigada sair da frente da Prefeitura, e, sobretudo, não
colocar os caminhões em cima dos funcionários.
O SR. JORGE GOULARTE: E mais ainda, Ver. Antonio
Hohlfeldt: respeitar o direito de greve. Ameaçar os funcionários de cortar o
ponto me parece algo que só pode vir mesmo do “socialismo moreno”. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver.
Marcinho Medeiros, que tem 10 minutos para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. O Vereador que lhes fala é suplente da Bancada do PMDB. Como já se
discutiu tanto a posição de suplente, quero dizer que não vejo qualquer
demérito ao suplente em relação ao titular. Portanto, acho que a pessoa tem
demérito na sua qualidade e não na sua colocação dentro da sua bancada. Em
segundo lugar, as argumentações usadas, grosseiramente, pelo Sr. Prefeito,
entre elas, dizem o seguinte: “... é amazonicamente inquestionável que
semelhante procedimento gera dúvida relevante na estabilidade dos atos do
Governo, minando-lhe a confiabilidade. Nesses casos a sabedoria humana ensina
que se a dúvida é manifesta, é relevante, nada se altera até que a dúvida se
dissipe.” Dúvidas existem somente para o Sr. Prefeito, uma vez que é uma
conquista social, e, se o Sr. Prefeito é defensor do socialismo, por que não
deixar que as conquistas sociais do funcionalismo avancem? Pergunto mais,
Senhores: como pode um partido que se diz socialista ter no governo alguém que
impeça o avanço das conquistas de uma categoria social? Se queremos o
socialismo nesta terra, temos que deixar avançar todas as conquistas sociais,
principalmente as dos mais humildes, dos que mais trabalham na Prefeitura. E
posso dizer isso com segurança porque sou funcionário público desde o ano de
1959. E digo mais ainda, Senhores: nem nos duros anos da ditadura perdemos
tantas coisas conquistadas como nesses poucos anos de Governo do Sr. Alceu
Collares.
O Sr. Hermes Dutra: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Marcinho Medeiros, eu só queria, já que V.Exa.
está levando para este aspecto do socialismo, dizer que sou mais modesto, pois
eu gostaria que o socialismo do PDT conservasse a política conservadora do PDS.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Vereador, o discurso é uma
coisa e a prática é outra.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu apenas queria lhe dizer, Vereador, que acho
realmente que o funcionalismo deve continuar na sua luta reivindicatória para
ampliar maiores conquistas sociais. Agora, eu colocaria à reflexão de V.Exa. o
fato de que certas concessões, se fossem feitas - porque o Governo,
evidentemente, exige responsabilidade na sua administração -, se fossem feitas,
inviabilizariam aquilo que já está acontecendo há muito tempo na órbita
estadual. Bem ou mal, as condições do Município são melhores. E V.Exa. sabe que
parte considerável da receita municipal é destinada ao pagamento do
funcionalismo. Se houvesse os avanços sociais, ao que nós não estamos contra,
simplesmente inviabilizaria o cumprimento das obrigações por parte da
Prefeitura Municipal em relação ao conjunto dos funcionários públicos.
O SR. MARCINHO MEDEIROS: Podemos dizer, com segurança,
que a derrubada do Veto não inviabiliza nenhuma das possibilidades de
pagamento, até de um aumento para seus funcionários, porque sabemos que a
Prefeitura não está investindo. Além do mais, queremos denunciar nesta tribuna
que a Prefeitura faz desconto em folha de seus funcionários, sem fazer o
repasse para as entidades que fazem o desconto. É o caso do GBOEX e do
MONTECOBI, que não estão sendo repassados. Também é o caso do Montepio
Municipal, que não recebe desde setembro o pagamento das suas contribuições.
Por isso, achamos que o Sr. Prefeito, além de agir sem a menor consideração com
seus funcionários - e o sucesso de sua administração depende de seus
funcionários - está agindo desonestamente com seus funcionários, pois desconta
de seus pagamentos e não repassa esse desconto para as entidades.
Portanto, queremos manifestar a nossa estranheza pela posição do Sr.
Prefeito ao enviar para essa Casa, debochadamente, uma argumentação fútil, que
não diz nada, completamente fora de qualquer ética profissional, de qualquer
ética política, misturando coisas que não têm nada a ver com a política.
Queremos dizer mais ainda: que confiamos plenamente na Bancada do PDT, nos seus
Vereadores que estão neste Plenário, que venham a assegurar que isso que é uma
conquista social não deve ferir o PDT. Poder haver um abuso da autoridade do
Sr. Prefeito, mas não é nenhum demérito ao PDT assegurar a conquista dos
funcionários, uma vez que está sendo vetada essa conquista. Pelo contrário,
virá mérito pessoal para o próprio partido. E denunciamos mais ainda o
patrulhamento ideológico existente hoje dentro das repartições da Prefeitura,
coisa que não foi feita na época da ditadura. O Sr. Prefeito recebe muito mais
um grupo de funcionários que vai lá falar com ele em nome de seu partido e
desconsidera completamente a Associação dos Municipários de Porto Alegre, não
atendendo suas reivindicações e, quando recebe, recebe de uma forma debochada.
Isto é uma forma que lamentamos profundamente, principalmente no momento em que
as instituições brasileiras, forçadas pela população, vão para as ruas pedir
reformas, abrem-se para o diálogo. E os funcionários são tratados de forma tão
desconsiderada! Não só na prática do Sr. Prefeito, ao dar entrevista na
imprensa, ao receber a comissão dos funcionários, mas também aos projetos que
ele envia para esta Casa. A mesma consideração é dada ao nosso Legislativo,
completamente com autoritarismo, sem ter ética nenhuma para poder discutir e
dialogar com os funcionários, no momento em que propõe organizações paralelas
entre os funcionários para desarticular a organização funcional. Por que nós
não podemos nos organizar? Por que os funcionários públicos não têm direito a
um sindicato? Porque ele teme isto, pois assim eles podem se organizar,
defenderem-se e lutar por suas conquistas sociais? Por que o Prefeito quer
impedir uma conquista de um operário que não está lhe prejudicando em nada,
muitos confiando em sua administração, administração que seria voltada para os
humildes? E onde estão os humildes? Quando pedem alguma vantagem, vêem negada
esta vantagem com argumentos grosseiros, fúteis, que não têm nada a ver com o
Projeto de Lei que está sendo apresentado. Nós sabemos que dentro da Bancada do
PDT há funcionários. Um suplente em atuação é funcionário da Prefeitura.
Queria lembrar que a vereança é passageira. A função como funcionário é
que realmente lhe sustenta e lhe dá segurança de vida para o resto da sua vida.
Hoje nós somos Vereadores. Em 1988, nós vamos enfrentar um novo processo
eleitoral, provavelmente, e muitos de nós, talvez, não tenhamos assento nesta
Casa. Então, por que nós, que somos transitórios aqui dentro, vamos impedir que
as conquistas permanentes de uma categoria de funcionários sejam impedidas?
Nós achamos, Senhores, que é justo, e o que for justo nós estaremos
aqui para apoiar. E achamos também que, se o Governo Estadual comete seus erros
ao tratar a greve dos funcionários estaduais, não deve um erro justificar o
outro, e nenhum motivo tem um partido de acusar um outro partido de erros daqui,
erros dali, para justificar os seus erros. Nós temos que procurar acertar. Nós
temos que observar os erros dos outros para podermos melhorar a nossa
administração e a nossa conduta como administradores, como políticos. Portanto,
Senhores, eu acho muito importante que o PDT venha ao Plenário, compareça para
assegurar o "quorum". Inclusive, votar a favor ou contra a Emenda não
é demérito nenhum, porque isto aqui não é uma simples lei. Se nós, numa época,
derrubamos um projeto do então Prefeito João Antônio Dib que isentava de
impostos as mansões de Porto Alegre, por que nós não podemos, hoje, derrubar um
Veto do Sr. Prefeito que impede a conquista social de um importante segmento da
categoria de funcionários públicos, do mais humilde segmento, que tem famílias
para sustentar, que mora em vilas e que ajuda a construir a grandeza deste
Município com o seu trabalho braçal, dedicando todo o seu esforço físico em
benefício da nossa Cidade? Portanto, Senhores, eu peço a esta colenda Casa do
Município que reprove o Veto do Sr. Prefeito, aprovando a lei e promovendo,
acima de tudo, a justiça social. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Brochado
da Rocha):
Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores...
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Vereador que o antecedeu na tribuna fez uma série
de acusações esdrúxulas, estapafúrdias e amadorísticas ao Prefeito Alceu
Collares! Acusou-o de desonestidade, de falta de ética, de ser mentiroso. Disse
uma série de coisas absurdas, as quais ouvi estarrecido! Mas eu queria passar
às mãos do Ver. Clóvis Brum, que está na tribuna e é Líder do PMDB nesta Casa,
para que faça o uso que bem entender, de um comunicado do Governo do Estado de
São Paulo, ontem publicado no Jornal do Estado de São Paulo, ao povo e aos
funcionários públicos daquele Estado - Administração do PMDB -, que diz o
seguinte...
O SR. CLÓVIS BRUM: Nobre Vereador, eu desejo
falar...
O Sr. Kenny Braga: Eu só quero fazer um
registro.. Está com medo do registro, Vereador?
O SR. CLÓVIS BRUM: Não. Continue com o aparte.
O Sr. Kenny Braga: O Ministro do seu partido,
Luís Bresser Pereira, indicado pelo “ayatollah” Ulysses Guimarães, está dizendo
que o “gatilho” salarial não se aplica aos funcionários públicos! Quem está
dizendo isso é o PMDB! O registro é o seguinte, e Orestes Quércia assina: “Num
momento de crise como este que o País está enfrentando, se não forem tomadas
medidas responsáveis, poderá o Estado chegar a uma situação que exigirá
demissão maciça de funcionários, ou inexistência de recursos para o pagamento
do salário em dia, como está ocorrendo em outros Estados da Federação”. Então,
esse é o ponto de vista do PMDB! V.Exa. escuta isto nesta Casa, agora, e quero
que justifique isso!
O SR. CLÓVIS BRUM: Pode me alcançar o
depoimento, Ver. Kenny Braga?
(O Sr. Kenny Braga alcança o comunicado ao Ver. Clóvis Brum. )
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, decorridos dois minutos e meio do
tempo regimental de que este Vereador dispõe, acredito que foi bom ter
concedido este aparte ao Ver. Kenny Braga porque sei da posição dinâmica de
V.Exa. Eu sei da luta da Bancada valorosa e grandiosa do PDT nesta Casa! Eu
conheço os Vereadores do PDT. Só que está havendo um engano! Está havendo um
equívoco na discussão deste Projeto! Equivocou-se o Prefeito, ao mandar
“amazonicamente” a sua Exposição de Motivos, “técnica jeitosa e hábil” seu tipo
de administrar! Palavras dele, do Prefeito. Nós não queremos disparo de gatilho
para ninguém. Este Projeto não trata de disparo de gatilho. Não trata de
aumento salarial. (Apartes anti-regimentais do Ver. Kenny Braga.) Trata de
jornada de trabalho, que nada tem a ver com salário. Chegou o momento de parar
com esta baderna de mentiras! O Prefeito é mentiroso! V.Exa., Ver. Kenny Braga,
recebeu o aparte deste Vereador, teve toda a condescendência deste Vereador e
até gritou mais do que este Vereador. O Prefeito mentiu...
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa aos Srs. Vereadores
que o Regimento Interno deve ser rigorosamente cumprido, sem o que não
chegaremos ao final desta reunião. Solicita a colaboração de todos.
O SR. CLÓVIS BRUM: Solicito à Taquigrafia que
retire a expressão deste Vereador com relação ao Prefeito, quando o chamou de
mentiroso. Que ela seja substituída por “equivocou-se” ou “se desviou a
verdade”.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Emenda do Ver. Lauro Hagemann... Eu
não consigo falar com a Bancada do PDT. Ela não está na Casa! Como quer o PDT
que o PMDB fale com ele se, de 13 Vereadores, temos aí dois ou três? Onde está
o Líder da Bancada, o Vice-Líder? Onde estão os suplentes? Não quero agredir
ninguém, quero dialogar. Todos os funcionários públicos, Ver. Adão Eliseu, Ver.
Kenny Braga, Ver. Jaques Machado, grande Ver. Jaques Machado, todos têm uma
jornada de trabalho de 30 horas. Duas exceções: os agentes encarregados da
Receita Municipal, que recebem outros benefícios, e o Padrão I. Todos têm 30
horas. Convocados para Regime Especial, vão às 40 horas e recebem mais 50%. O
Padrão I trabalha 40 horas. Para receber mais 50% tem de trabalhar 53 horas. O
Prefeito foi infeliz, equivocou-se. Não se trata de aumento de salário, mas,
sim, de redução de jornada de trabalho. Não estamos aqui aumentando salário de
ninguém. Estamos reduzindo a jornada de trabalho, que é legal, regimental e
constitucional. Entretanto, esses trabalhadores que fazem 40 horas por semana
têm de trabalhar mais 13 horas para receberem 50%. Os demais, ao trabalharem 40
horas, já recebem esses 50%. O que queremos com esses funcionários? Queremos
que o Prefeito lhes dê o mesmo tratamento dado aos demais funcionários. O
Padrão I, ninguém pode, de sã consciência, negar que é o mais sacrificado. Tem
o salário mais baixo, jornada de trabalho injusta. Não é culpa do Prefeito
Collares, não é culpa do Ver. Kenny Braga, não é culpa do Ver. Adão Eliseu, não
é culpa do nobre Ver. Cleom Guatimozim, nem do dinâmico Ver. Pedro Ruas, nem do
valoroso Ver. Brochado da Rocha, nem do Ver. Jaques Machado, nem dos demais
Vereadores, mas chegou o momento de se fazer justiça social. E com que saudade
eu lembro da ação do Prefeito como Deputado Federal! Em termos de justiça
social, foi um grande parlamentar. Agora, equivocaram-se as suas assessorias ao
dizer que a Casa estava aumentando o salário. Não, nós estamos reduzindo a
jornada de trabalho do Padrão I. Quem é o Padrão I? Não é o engenheiro. É
aquele que vai desentupir...
O SR. PRESIDENTE: O tempo do Ver. Clóvis Brum
esgotou-se. Inscreve- se o Ver. Raul Casa. Se houver concordância dos demais
Vereadores inscritos, o Sr. Ver. Clóvis Brum falará por mais dez minutos pelo
tempo cedido pelo Sr. Ver. Raul Casa.
O SR. CLÓVIS BRUM: Agradeço a gentileza dos
Vereadores que estão inscritos e em especial ao nobre Líder do Partido da
Frente Liberal, Ver. Raul Casa, que gentilmente me cede esta oportunidade a fim
de que nós possamos nos acalmar e discutir em cima de uma coisa importante.
Vereadores, a jornada de trabalho, Ver. Pedro Ruas, nós queremos
reduzi-la. Só desse nível, porque os demais funcionários já tem 30 horas
semanais. Nós queremos dar 30 horas para quem, Ver. Cleom Guatimozim? Não é
para o engenheiro. É para aquele que vai lá desentupir o bueiro. É para aquele
que vai lá, no fim-de-semana, pela madrugada, arrumar cano que estourou. É para
aquele que fica lá, no gabinete do Secretário até fora de hora, acertando
detalhes daqui e papéis dali. É para essa gente que realmente executa as
tarefas da Prefeitura.
Há poucos dias, e foi um voto muito tranqüilo que eu dei, o Ver. Vieira
da Cunha veio a esta Casa e levou desta Casa, aqui, uma autorização legislativa
para comprar para o Departamento de Limpeza Urbana 10 caminhões. Nós estamos
examinando pela imprensa um projeto da SMT que prevê a construção de uma obra
no Centro da Cidade através de um financiamento de 25 milhões de dólares. Isto
vai dar lá por 150 milhões de dólares - é um bom dinheiro. O DMAE tem uma
receita tranqüilíssima. Tanto é verdade, que o DMAE repassa para a SMOV
dinheiro para recuperar buracos das ruas, abertos pelo DMAE, mas em valores
três vezes o normal dos buracos. Quer dizer, então, que o DMAE está bem de
dinheiro. Nós queremos que o DMAE pague mais os funcionários de nível I? Não.
Nós queremos que os trabalhadores, quando o Diretor do DMAE, quando os
assessores, quando os engenheiros, quando os chefes de setores, Ver. Kenny
Braga, quando todos os funcionários do DMAE saírem daquela repartição, depois
de ter completado a sua jornada de trabalho - 30 horas -, esses que executam
com qualquer tempo e a qualquer hora o seu trabalho também possam sair. Se há
necessidade de convocar funcionários de outros níveis que têm jornada de 30
horas para Regime Especial e completar as 40, por que não completar, também não
convocar o Padrão I para trabalhar as 40 horas? Não vai acontecer nada de grave
em termos de repercussão financeira. Agora, nós estarmos aqui xingando a
Bancada do PDT até acho uma injustiça. Eu gostaria de dialogar com a Bancada do
PDT para obtermos os votos que precisamos para derrubar este Veto. Fiquem
tranqüilos os Vereadores Adão Eliseu, Kenny Braga, Cleom Guatimozim, Jaques
Machado, Brochado da Rocha, Isaac Ainhorn, Pedro Ruas. Fiquem tranqüilos,
porque, se o Sr. Prefeito não gostar da derrubada do Veto, ele ainda tem uma
outra instância a recorrer, que é o Poder Judiciário. Então, o que não posso
conceber é que o Vereador vote na Emenda do Ver. Lauro Hagemann ou na Emenda do
Ver. Antonio Hohlfeldt. Os Vereadores do PDT votaram nestas Emendas, agora
vetadas pelo Prefeito, até num direito legítimo. Revisem esta posição. Agora,
era de se revisar, realmente, se, de uma maneira mal estudada ou mal debatida,
esses Projetos tivessem sido votados equivocadamente. Mas não se votou de
maneira equivocada, não se votou de maneira açodada. Votou-se com toda a
tranqüilidade nesta Casa. E nós não queremos aumento de salário para ninguém.
Nós queremos o que o Projeto diz com clareza. Não diz no Projeto “aumentar
salários”, senhores da imprensa. Não diz “aumento de salário”. É redução de
jornada de trabalho para os únicos que estão trabalhando 40 horas semanais e,
convocados em Regime Especial, vão a 53 horas e meia para ganhar um mísero
salário. Os demais funcionários trabalham numa jornada de 30 horas. Convocados
em Regime Especial, vão a 40 horas. Não vejo, e nada me convence de que, em
primeiro lugar, estejamos aumentando salários - não é verdade. Se o DMAE, se o
DMLU não desejarem convocar os funcionários para Regime Especial não convoquem.
Só trabalham 30 horas; não se gasta um centavo a mais. Não se gasta com a
Emenda do Ver. Lauro Hagemann um centavo a mais. Quem disser é mentiroso, está
enganado. A jornada de trabalho de todos os funcionários é de 30 horas. O que
quer a Emenda do Ver. Lauro Hagemann? Resgatar esta justiça aos únicos que
trabalham 40 horas semanais, que são aqueles que tantas vezes, na frente da
casa do Ver. Adão Eliseu, na frente da casa do Ver. Cleom Guatimozim, com a sua
marmita de comida fria e sem carne, ficam trabalhando as 40 horas, as 53 horas
para ganhar o salário mais baixo. Não pode ser um privilégio da nossa sociedade
a eterna perseguição, a eterna injustiça com essa gente mais humilde. Negar que
nossos filhos não comem carne todos os dias não é correto. Dizer que os nossos
filhos não tem boa escola não é correto. Dizer que não temos um bom salário não
é correto. Agora, negar a esses trabalhadores - em conseqüência, às suas
famílias - poderem chegar um pouquinho mais cedo no seus lares, uma vez que são
os que ganham menos na Administração?! Dizer que é necessário que os mais pobres,
os mais incultos, os mais sacrificados, os mais humildes são obrigados a
trabalhar mais e ganhar menos? Nada justifica! Dou aparte a qualquer Vereador
do PDT para contestar isso. Nós não queremos aumento de salário para ninguém;
nós queremos diminuir a jornada de trabalho para que eles possam trabalhar com
a mesma jornada de todos os demais funcionários.
O Sr. Adão Eliseu: V.Exa. permite um aparte?
O SR. CLÓVIS BRUM: Ver. Adão Eliseu, é um
privilégio dar um aparte a V.Exa.
O Sr. Adão Eliseu: Eu acho que não somente é
um privilégio V.Exa. dar um aparte a este modesto Vereador como é um privilégio
para toda nossa Bancada ouvi-lo. E é uma pena que V.Exa. não tenha iniciado o
debate desta manhã em torno desse Projeto, pois levaria muito mais vantagem explicando
moderadamente as questões que o envolvem. V.Exa. teria impedido discursos
inflamados e até mal-educados, como o do Ver. Carus, por exemplo, que tratou o
PDT, os funcionários do PDT com uma malta. V.Exa., se tivesse chegado antes,
teria conquistado um maior número de votos da Bancada do PDT. É uma pena que
tenha deixado para agora o seu discurso. Muito obrigado.
O SR. CLÓVIS BRUM: Nobre Vereador, o Ver.
Carus me confidenciou ali: “Eu fui exagerado, exagerado numa verdade”. O Ver.
Marcinho Medeiros me disse: “Vereador, eu precisava desabafar, porque eles não
estão recolhendo aquilo que não é roubo”. Quantas empresas recolhem o INPS e
não repassam para o INPS e, depois, têm parcelamento para pagar? Mas não é este
o debate. Não é isto que quero falar com os Vereadores do PDT.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu apenas quero concluir,
Vereadora. Depois dou o aparte. É um privilégio deste Vereador dar aparte a
quem deseja.
(Aparte anti-regimental da Ver.ª Bernadete Vidal.)
Vereadora, não vou entrar na discussão de Vereador contra Vereador.
Isso afasta o debate e nós precisamos, Ver.ª Bernadete, Ver. Marcinho Medeiros,
Ver. Aranha Filho, Ver.ª Jussara, Ver. Lauro
Hagemann, Ver. Antonio Hohlfeldt, Ver. Eroni Carus...
(Aparte anti-regimental da Ver.ª Bernadete Vidal.)
Vereadora, eu não vou permitir que o meu discurso destrua o interesse
dos trabalhadores. Esse negócio de vir para cá fazer demagogia contra Fulano,
contra Sicrano, não! Vamos conversar a verdade. Peço que me assegure a palavra,
Sr. Presidente. Vereadora impertinente!
O SR. PRESIDENTE: A Mesa pede aos Srs.
Vereadores que ocupem as suas tribunas e, de outra parte, que se cumpra o
Regimento Interno da Casa. A Casa perde a autoridade de pedir o cumprimento do
Regimento Interno se ela própria não cumprir.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós precisamos dos votos do PDT. O que está em jogo não é a
maluquice do Ver. Clóvis Brum, não são as acusações do Ver. Marcinho Medeiros e
nem as afirmações do Ver. Eroni Carus. O que está em jogo, agora, é a sorte de
famílias das mais humildes da Prefeitura. Se eu exagerei no encaminhamento, não
pude oferecer este diálogo, eu me penitencio e peço desculpas à Bancada do PDT.
Eu não desejo conduzir uma discussão em torno de acusações pessoais. Eu quero,
estou preocupado é com a sorte dos funcionários. Esta é a única oportunidade
que nós temos, Ver. Raul Casa, de tentarmos dar alguma coisa a estes
trabalhadores. E mais do que isto: não é nem tanto ao trabalhador, não é àquele
homem que come comida sem carne, mas é à família deste homem.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não são professores da rede estadual, não é?
O SR. CLÓVIS BRUM: Não, o problema é hoje.
Hoje estamos discutindo esse Veto. Quanto ao outro assunto, eu me somarei
diuturnamente com os Senhores para cumprir as leis; se têm que ser cumpridas,
as leis devem ser cumpridas neste País. Srs. Vereadores, nós precisaríamos de
votos do PDT. Não foi o filho e não foi a esposa de nenhum trabalhador nível I
que xingou os senhores. Não foi aquela mulher do trabalhador que tantas vezes
deve ter ficado sem comer. Não foi. Nós transferirmos para esta Casa a sorte
destas famílias é uma discussão alheia à sorte das mesmas. Seria uma injustiça.
Eu tenho, ás vezes, me atritado no sentido de não viabilizar uma discussão em
torno do debate pessoal. Nós precisamos, Vereadores, necessitamos que os
Senhores nos ajudem a derrubar este Veto. Se nos ajudarem a derrubar este Veto,
os Senhores estão ajudando, seguramente, três mil crianças, duas mil mães e
fazendo justiça a 800 homens, talvez, que trabalham na Administração
Centralizada e Descentralizada. Agradeço à Mesa e confio e espero que a Bancada
do PDT nos ajude a derrubar este Veto. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz
Braz para discutir o PLE n.º 12/87.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores...
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu gostaria de trazer, Ver. Luiz Braz, duas
informações ao Plenário que chegaram da minha Assessoria há poucos minutos
atrás. A Prof.ª Antonia Medina acabou de pedir demissão do cargo que ocupa na
Secretaria Municipal de Educação e Cultura por discordar das pressões que a
titular da SMEC vem fazendo sobre direções de escolas quanto à greve, e a
demissão, infelizmente, no caso, já foi aceita. Digo infelizmente porque a
Prof.ª Medina tem um trabalho extremamente importante na SMEC. A segunda
informação, Ver. Luiz Braz, é de que os engenheiros da SMOV, reunidos neste
momento em assembléia, decidiram colocar à disposição do Prefeito todos os seus
cargos de chefias porque não pretendem pressionar os funcionários da SMOV a
interromper a greve. Obrigado.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu agradeço às informações
que V.Exa. traz porque elas vêm somar-se aos pedidos que alguns Vereadores que
passaram por esta tribuna fizeram para a Bancada do PDT a fim de que a Bancada
liderada pelo Ver. Cleom Guatimozim dê, neste momento, os votos que faltam para
derrubar este Veto. Nobre Ver. Cleom Guatimozim e demais Vereadores da Bancada
do PDT, eu me volto, neste instante, para V.Exas. que, na campanha municipal,
colocaram bem alto o nome do “socialismo moreno”, pregando que seríamos uma
administração socialista na Prefeitura Municipal. Não entendo o que é
“socialismo moreno”, eu entendo o que é socialismo. Socialismo entendo como uma
distribuição mais equânime entre todos os que participam do sistema. Eu não
posso entender esse “socialismo moreno” que acha justa a remuneração de um mil,
setecentos e dez cruzados para funcionários que fazem 40 horas semanais. São os
únicos funcionários, nobre Ver. Kenny Braga, que, na realidade, são obrigados a
perfazer as 40 horas para poderem ganhar o valor básico de um mil, setecentos e
dez cruzados.
Estão aqui as razões de quem articulou esses motivos, que, eu tenho
certeza absoluta, não partiram da mente do Sr. Prefeito Alceu Collares. Não
acredito que partiram daquele mesmo homem que atacava com tanto vigor a política
econômica da época da ditadura, daquela mesma época em que se falava que era
preciso se criar um grande bolo econômico dentro das elites para que, depois,
se fizesse a distribuição desse bolo. E esse homem, o Dr. Alceu Collares, ele,
por muitas vezes, atacou esta política econômica da ditadura. E agora o que faz
o Dr. Alceu Collares? Ele faz exatamente, Ver. Kenny Braga, o que fez naquela
época o Ministro Simon sem, porque ele coloca, nestas razões do Veto, que o
Secretário, que o Procurador do Município devem receber não apenas os 45 mil
cruzados anuais, mas devem receber mais os 37% e mais os gatilhos que vêm por
aí, gatilho esse que foi feito, nobre Ver. Kenny Braga, não para beneficiar
marajás, mas sim para beneficiar esses mesmos que são, agora, os formadores do
nível I do funcionalismo público, esses mesmos que estão ganhando, hoje em dia,
apenas mil, setecentos e trinta cruzados. Para isso foi criado o gatilho. Mas
não! O Sr. Prefeito Municipal apresenta razões gerais do Veto tanto com relação
à Emenda do Ver. Lauro Hagemann, como à Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt, uma
que diminui de 40 para 30 horas a carga semanal dos funcionários do nível I, e
a outra, que retira dos Secretários a possibilidade de ganhar esse mesmo
aumento que foi dado para os funcionários municipais de 37%. Quer, nestas
razões de veto, provar que aqueles que estão atualmente com 45 mil cruzados têm
todas as razões do mundo para receber os 37% e mais os gatilhos, e os outros,
os que ganham um mil, setecentos e trinta cruzados, não têm nenhuma razão para
diminuírem a sua carga semanal para 30 horas, para que possam ter outra
atividade, Ver. Kenny Braga, porque, infelizmente, quem ganha um mil,
setecentos e trinta cruzados precisa ter uma outra atividade para poder
sobreviver. Não se pode sobreviver, e V.Exa. sabe disso, pois é um Vereador
inteligente. Não se pode sobreviver com um mil, setecentos e trinta cruzados.
Então, o que faz o Ver. Lauro Hagemann? Tenta dar a esses funcionários
condições para continuarem sobrevivendo. É uma lei natural da vida, todos
tentando defender a sua sobrevivência, e o Ver. Lauro Hagemann, na sua Emenda,
tentou dar aos funcionários de nível I condições para que eles possam continuar
sobrevivendo.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Cometi aqui um pequeno erro de avaliação. Entendia
que a Bancada do PMDB nesta Casa não teria ânimo e disposição para discutir
questões salariais e administrativas, tendo em vista o descalabro que se
observa na administração estadual...
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Kenny Braga, não estou
lhe cortando o seu aparte, mas não quero que V.Exa. coloque os assuntos
referentes ao funcionalismo estadual. Nós, hoje, temos que discutir os Vetos
apostos pelo Sr. Prefeito Municipal a esses dois artigos.
O Sr. Kenny Braga: Mas ou bem, Vereador, o
funcionalismo municipal recebe os seus vencimentos em dia e a Cidade de Porto
Alegre está funcionando. O funcionalismo estadual não está recebendo e o Estado
não está funcionando. Esta é a diferença.
O SR. LUIZ BRAZ: A grande diferença, Ver.
Kenny Braga, é que o Governador do Estado deu condições para que o
funcionalismo estadual pudesse reivindicar o seu aumento. Tanto é que já faz
quase 20 dias que os funcionários estaduais estão reivindicando o seu aumento,
e em momento algum o Governador do Estado disse que iria cortar o ponto dos
funcionários. Ontem, no primeiro dia de greve dos funcionários municipais, o
Sr. Prefeito, na sua primeira declaração, que não foi feita num gabinete
fechado, mas numa emissora de televisão onde todos pudessem ouvir, disse que os
pontos daqueles que não comparecessem às suas repartições seriam cortados. Este
é o socialismo que nega o direito de reivindicação para os funcionários. Os
funcionários municipais ficaram desde ontem, com essa declaração do Sr.
Prefeito, sem condições de reivindicar o seu aumento e de fazer essa pressão
que é mais do que lógica, mais do que legal para quem está ganhando um mil e
setecentos cruzados.
O Sr. Eroni Carus: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Luiz Braz, para acrescentar ao aparte de V.Exa., sem
querer fugir ao assunto da Ordem do Dia, o seguinte: o Projeto do Executivo
Estadual corrige distorções salariais de modo que o nível I do Estado terá um
aumento na ordem de mais de 40%.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) O Governador não corta o ponto, mas não paga,
Vereador.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Kenny Braga, quero que
V.Exa. ouça as razões que foram colocadas para o Veto com relação aos
Secretários. Ouça bem V.Exa., a quem, muitas vezes, ouvi defendendo justiça
social em todos os níveis. Ouça bem as razões deste Veto: a Lei nº 5869/87, que
foi a que aumentou em 37% os funcionários municipais, teve por finalidade
sistematizar a forma de pagamento dos titulares das repartições municipais,
convocando para Regime Especial de Trabalho. Eu nunca ouvi falar que
Secretários Municipais pudessem ser convocados para Regime Especial de
Trabalho, porque Secretário tem que estar disponível sempre, ele tem que estar
disponível ao Município as 24 horas do dia, pois foram designados para lá
exatamente para isto. Não é justo que, de repente, alguém apresente, nestas
considerações de Veto, razões como esta, dizendo, por exemplo, Ver. Kenny
Braga, que se veta aquela Emenda do Ver. Lauro Hagemann por ser contrária aos
interesses públicos. Mas como pode ser contrário ao interesse público querer
que alguém continue sobrevivendo nesta terra? Ou V.Exa. vai me dizer, de sã
consciência, que trabalhadores que têm 40 horas semanais de trabalho conseguem
sobreviver com um mil e setecentos cruzados? V.Exa. não acha justo que precisa
se reduzir esta carga semanal de 40 para 30 horas a fim de que esses
trabalhadores possam ter uma outra função e continuarem a ter direito à
sobrevivência? É essa justiça a que nós nos referimos, Ver. Kenny Braga, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Srs. Funcionários. É a justiça que nós pregamos
tanto a nível municipal, como a nível estadual, como a nível federal, não
apenas a nível municipal. Tanto é que acredito que a grande luta do
funcionalismo, tanto municipal, como estadual, como federal, deve ser por
aumento deste piso salarial, pois é ridículo, hoje em dia, um trabalhador
brasileiro trabalhar um mês inteiro e ter uma remuneração que não lhe dá
condições para continuar sobrevivendo. É ridículo isso, Ver. Kenny Braga, em
todos os níveis.
O Sr. Kenny Braga: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Vereador, eu vou-lhe dizer o que eu entendo como
contrário ao interesse público. É empregar toda a receita do Município no
pagamento da folha do funcionalismo. Isto é contrário ao interesse público,
Vereador. Contrário ao interesse público é fazer como faz o PT na Prefeitura de
Fortaleza, que demite maciçamente o funcionalismo público porque não tem
condições de pagar. Lá a degola é completa. Pois eu quero dizer o seguinte: em
Porto Alegre não tem degola nenhuma, porque, se existisse uma administração do
PT em Porto Alegre, o funcionalismo simplesmente seria degolado. Isto é
contrário ao interesse público.
O SR. LUIZ BRAZ: Inclusive já se falou que
este Projeto não trata do aumento do funcionário público. Então, contrário ao
interesse público o que deveria ser é o aumento dos Secretários. Por que ele,
de repente, ele utiliza um argumento para fundamentar um veto com relação à
Emenda do Ver. Lauro Hagemann e não usa este mesmo argumento para fundamentar o
Veto com relação à Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt? Porque uma trata daqueles
que estão na base da pirâmide - o nível I -; a outra Emenda trata daqueles que estão
no ápice da pirâmide - os Secretários.
Ver. Cleom Guatimozim, V.Exa., que é um zeloso batalhador das causas
sociais deste Município, com esta Emenda aqui os Secretários Municipais passam
a ganhar mais do que ganham os Vereadores do Município. E, muito mais do que
isso, eles continuam tendo carros, telefones e todas as demais vantagens que os
Secretários sempre tiveram, além dos gatilhos e etc. etc., etc.
O Sr. Marcinho Medeiros: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nós queremos lamentar a posição de alguns Vereadores
do PDT que insistentemente dizem que implica despesas, quando nós sabemos que
não implica. Mas, no ano que vem, estarão nas casas dos mais humildes operários
das vilas pedindo votos, dizendo que são eles os caudatários das reivindicações
das classe populares. E nós sabemos que a classe mais popular e humilde da
Prefeitura Municipal é o seu Padrão I. Então, não vejo por que o PDT,
irredutivelmente, insiste em dizer que implica despesas quando sabemos que não.
Não é projeto de aumento. O que existe é um projeto de igualdade social no
tratamento dado a todos os funcionários da Prefeitura. É isso que os humildes
estão pedindo: trabalhar menos, mas ganhar a mesma coisa que os outros estão
ganhando. Não é justo o tratamento que está se dando aos operários da
Prefeitura de Porto Alegre.
O SR. LUIZ BRAZ: Eu não sou contrário a que
os Secretários ganhem bem. Acho que Secretário deve ganhar bem. Apenas eu acho
que o funcionário público deve ganhar, se não for bem, pelo menos o suficiente
para continuar sobrevivendo. Eu acho que essa política social deve ser lembrada
pelo Sr. Prefeito Municipal. Não é justo dar esse tratamento que está sendo
dado através desse Veto para os funcionários do Padrão I. Não é justo isso!
Porque nesse mesmo Projeto, de repente, ele trata uma outra classe de uma
maneira completamente diferente. Então, esse Partido, o PDT, o qual muito
respeito e que prega tanto esse tal de socialismo moreno, eu não posso
acreditar que esse socialismo moreno seja antagônico ao próprio socialismo puro
e que ele pregue aquilo que o socialismo puro nunca pregou em sua vida, isto é,
razões completamente diversas do bem-estar da sociedade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª
Jussara Cony para discutir o PLE n.º 12/87.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. Funcionários, tanto da Câmara quanto das diversas Secretarias
da Prefeitura Municipal presentes neste Plenário.
O SR. KENNY BRAGA: Eu solicito seja feita
verificação de "quorum", Sr. Presidente.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de
Ordem): Sr.
Presidente, nesta Casa nunca se praticou uma violência de se fazer um
levantamento do "quorum" quando um orador está na tribuna, porque é a
mesma coisa que cassar a palavra desse Vereador. Eu pediria que os Vereadores
da Casa tivessem a mesma postura ética que sempre tivemos por aqui, que se
deixasse que a Vereadora, da tribuna, concluísse o seu pronunciamento, e não a
arrancasse da tribuna, porque isto realmente seria uma das maiores violência
praticadas dentro desta Casa.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa ao Sr.
Vereador que tem que cumprir o Regimento Interno e solicita ao Sr. 2º
Secretário que proceda à verificação de "quorum".
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após proceder à
verificação de "quorum".) Há "quorum", Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª
Jussara Cony.
A SRA. JUSSARA CONY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, em primeiro lugar, não seria uma cassação arbitrária que calaria a
voz desta Vereadora e a impediria de levar o seu posicionamento, senão da
tribuna desta Câmara, lugar que tem por direito adquirido através do voto
popular, mas pela sua presença constante junto à luta dos servidores municipais
e junto à luta dos trabalhadores como um todo. Agradeço a Questão de Ordem
levantada pelo nobre Ver. Luiz Braz, que mostra a sua coerência na defesa do
direito e da liberdade de expressão, não apenas desta Câmara, mas em nível da
vida política da nossa Cidade, do nosso Estado e do nosso País.
O Sr. Clóvis Brum: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Desejo transmitir, e os Anais da Casa devem
registrar, que, em função de apelos de funcionários municipais com relação à
ação da Brigada Militar, contatando com o Secretário de Segurança Pública, fui
informado pelo Sr. Secretário que o mesmo estava entrando em contato com o
Comando Geral da Brigada no sentido de coibir qualquer tipo de violência contra
os funcionários da Prefeitura. E mais: registrou ainda o Sr. Secretário que
V.Exa. já havia formulado idêntica preocupação, em contato telefônico, nas
primeiras horas da manhã. Obrigado.
A SRA. JUSSARA CONY: Agradeço seu aparte. Ver.
Kenny Braga, se V.Exa. prestasse atenção às atividades dos seus colegas nesta
Câmara e às posturas sempre colocadas, nesta tribuna, aliadas ao movimento de
lutas conjuntas que temos feito, V.Exa., a bem da verdade e da justiça, seria
testemunha de que todo e qualquer ato repressivo, venha de onde vier, sempre
teve a postura contrária deste Vereadora.
O Sr. Marcinho Medeiros: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Lamento, deste Plenário, a saída da Prof.ª Antonia
Medina da SMEC. Lamentavelmente, a educação de Porto Alegre está de luto, pois
perdeu uma grande educadora. Como professor do Município, sabendo do caráter e da
forma de tratar as coisas da educação do Município através da Prof.ª Antonia
Medina, lamentamos sua saída. Perdeu Porto Alegre. Não podemos dizer a mesma
coisa da Sra. Secretária da Educação. Lamentamos e temos certeza de que hoje à
noite, na escola onde trabalhamos, todos lamentarão a saída da Prof.ª Antonia
Medina da SMEC. Lembramos ao Prefeito que, por uma lei feliz do Ver. Antonio
Hohlfeldt, as direções das escolas não são mais cargo de confiança do Sr.
Prefeito, mas sim da confiança da comunidade, que está envolvida em todo
processo de educação. Sou grato.
A SRA. JUSSARA CONY: Vamos tentar iniciar nosso
pronunciamento em relação ao Veto do Exmo. Sr. Prefeito Municipal, eleito
através do voto popular, às justas Emendas do Ver. Antonio Hohlfeldt e do Ver.
Lauro Hagemann.
A Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt exclui do aumento os Srs.
Secretários e Diretores de Autarquias, até porque já tiveram substancial
aumento em janeiro deste ano. A Emenda do Ver. Lauro Hagemann atende a uma
justa reivindicação dos trabalhadores na medida em que concede 30 horas
semanais aos servidores de nível I. A Emenda do Ver. Antonio Hohlfeldt resgata
compromissos assumidos em janeiro pelo Sr. Prefeito e pela Bancada do PDT,
nesta Casa, em não dar um segundo aumento ao Secretariado e Diretores de
Autarquias. E aqui é bom se colocar o uso de um peso e duas medidas, o que
mostra, de um lado, a incoerência política e, de outro lado, privilégio, sim,
na medida em que há numerário suficiente para aumentar os Srs. Secretários que
já tiveram substancial aumento, mas não há para aumentar os funcionários
públicos municipais, que não têm, sequer, a garantia de condições dignas de
vida com o salário que ganham.
Desde a posse, e é importante alguns dados elucidativos, desde a posse
do Sr. Prefeito Alceu Collares, segundo a Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, o custo de vida aumentou 219%. O reajuste dos funcionários municipais foi
de 116%; o reajuste dos Srs. Secretários está em 347% - 57% no ano passado,
como todos os funcionários, 108% em janeiro e 37% agora, contrapondo-se a 37%
dos funcionários a soma de 184 dos Srs. Secretários. E aqui começamos a cobrar
coerência da Bancada do PDT.
Em relação à Emenda do Ver. Lauro Hagemann, que concede 30 horas
semanais aos funcionários de nível I, é bom resgatar e ler nesta tribuna, até
fazendo justiça ao Ver. Caio Lustosa, o seu parecer, na medida em que o
Vereador, em função da doença grave da senhora sua mãe, não está aqui, está em
licença. Inclusive, quero resgatar o parecer justo do Ver. Caio Lustosa,
relator do parecer. “Nada mais faz do que, criativamente e com sensibilidade à
situação de indigência do funcionalismo enquadrado no padrão I, dar-lhe ao
menos uma carga horária que lhes faculte buscar em outra atividade a
compensação de sua miséria salarial.”
Vejam bem, Srs. Vereadores, Srs. Vereadores do PDT, nem sequer há
garantia de lazer e de descanso necessários a que todo o trabalhador tem
direito. É no sentido de permitir, inclusive, que esses funcionários, pela
miséria salarial a que estão sujeitos, tenham condições de, com 30 horas
semanais, poderem exercer outra atividade para garantir, no mínimo, o sustento
a suas famílias.
Diz também o Ver. Caio Lustosa - postura com a qual concordamos -: “se
inexistia regime, passará a existir de agora em diante”. E aqui, Srs.
Vereadores, é uma questão de justiça social. Perderá novamente esta Câmara a
oportunidade de fazer justiça social aos trabalhadores e servidores públicos
municipais? Perderá a Bancada do PDT o privilégio de fazer, hoje, justiça social?
Abrirá mão da independência e não-supremacia de um poder sobre outro, ou se
curvará novamente ao Executivo Municipal, como já fez, há pouco tempo, com
exceção honrosa de cinco Vereadores, abrindo mão da prerrogativa duramente
conquistada de legislar sobre a tarifa?
Há pouco, no 1º de maio, nós resgatávamos 101 anos da luta dos
trabalhadores - há 101 anos atrás! -, luta, aliás, atual, também de todos os
trabalhadores brasileiros, pela redução de jornada. Queremos ver esta garantia,
inclusive, em curso na Assembléia Nacional Constituinte. Esta Câmara não poderá
se furtar ao privilégio que tem, hoje, de legislar, de derrubar o Veto aposto
pelo Sr. Prefeito.
Em relação ao parecer, apenas um comentário, assinado, nós entendemos,
pelo Sr. Prefeito. Pelo seu passado de legislador no Congresso Nacional, não
podemos imaginar que o Sr. Prefeito tenha assinado, no nosso entender, este
parecer. Não faz jus ao passado de legislador no Congresso Nacional este
parecer. Diz: “A Medicina, que é a arte e a ciência de curar, destacou-se
evolutivamente na medida em que debruçou-se sobre a técnica operatória”. Somos
muito mais da Medicina preventiva do que da curativa, e a prevenção, neste
momento, é dar condições dignas de vida aos funcionários públicos municipais,
até porque são o sustentáculo da administração desta Cidade. Talvez a técnica
operatória seja a repressão solicitada pelo Sr. Prefeito Municipal à Brigada
Militar, à luta justa dos servidores municipários.
O SR. PRESIDENTE: A Ver.ª Bernadete Vidal se
inscreveu e cedeu seu tempo para V.Exa. V.Exa. falará no tempo que lhe concede
a Ver.ª Bernadete Vidal.
A SRA. JUSSARA CONY: Agradecemos à Mesa pela
atenção e à Ver.ª Bernadete Vidal a cessão de seu tempo. Mas, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Srs. Funcionários, é impossível discutir a questão da
derrubada dos Vetos sem discutir o processo que vive hoje a Cidade de Porto
Alegre nas justas reivindicações dos seus funcionários municipais. Em primeiro
lugar, quero destacar a atitude dos funcionários, colegas da Câmara Municipal
de Porto Alegre, que, mais uma vez, demonstram, através de sua organização e da
sua postura, coerência e unidade de ação com os demais colegas na medida que,
em greve, dão concretamente, hoje, estrutura a esta Câmara e aos Vereadores
para que possamos derrubar, sim, os Vetos do Sr. Prefeito. Esperamos que a
Câmara Municipal enquanto instituição e os Vereadores desta Casa façam jus à
coerência e à postura, que no nosso entender é um exemplo, dos funcionários da
Câmara Municipal de Porto Alegre.
Não podemos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, discutir esses Vetos sem
aliar as atitudes do Sr. Prefeito de Porto Alegre. Em primeiro lugar, o Sr.
Prefeito descarta qualquer possibilidade de conceder reajuste. O Sr. Prefeito
se recusou a receber o comando de mobilização, afirmando, inclusive, que não
age sob pressão. Solicitou à Brigada Militar que combata os piquetes, e a
repressão está instalada. Hoje cedo, e há pouco, o Ver. Clóvis Brum intervinha
neste sentido. Recebemos uma comissão de funcionários que temem, inclusive, em
segurarem a contra-reação na medida em que a ação da Brigada Militar está-se
fazendo de modo abusivo frente ao movimento, que é ordeiro, dos funcionários
públicos. Imediatamente, entramos em contato com o Sr. Secretário de Segurança,
exigindo que tomasse as medidas necessárias, porque não podemos admitir
repressão à forma mais elevada de luta dos trabalhadores, à forma mais elevada
no sentido de que se faça justiça social no Município de Porto Alegre. O Sr.
Prefeito mandou cortar o ponto dos funcionários em greve, descontar os dias
parados, e diz categoricamente que, se a paralisação seguir por mais de 30
dias, vai haver demissão em massa. Disse que a única concessão que faz é que o
piso seja de 1,25 do salário mínimo. Já foi de 1,55. Então, isso é um
retrocesso! Isso não é concessão, isso é retrocesso, retrocesso em conquistas
obtidas pela luta dos trabalhadores municipais. Portanto, é um desrespeito à
entidade representativa dos funcionários, é um desrespeito à luta dos
servidores públicos municipais e é um desrespeito à Cidade de Porto Alegre,
porque o sustentáculo da administração são os funcionários públicos, que
garantem o funcionamento da administração, seja ela no Executivo ou no
Legislativo. Os nossos funcionários da Câmara, hoje, concretamente, dão o
exemplo disso, sustentando a realização desta Sessão. Ontem, no DMLU, na Zona
Sul, trancaram o pessoal à chave - denúncia feita ao Ver. Antonio Hohlfeldt e a
nós, na assembléia dos funcionários. Há ameaças, segundo chegou através do
comando dos funcionários, do Sr. Secretário de Planejamento aos funcionários
com função gratificada. A resposta já está se dando concretamente: funcionários
públicos municipais conscientes, que detêm cargos de chefia, estão-se
posicionamento politicamente, colocando seus cargos à disposição, se unindo à
luta dos trabalhadores municipais como um todo.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o manifesto dos funcionários da
Câmara Municipal, trazido ontem e assinado por diversos Vereadores, inclusive,
é muito elucidativo no momento em que discutimos a derrubada desse Veto, porque
nos negamos a acreditar que esta Câmara Municipal, como instituição, se negue a
fazer justiça social. Os funcionários querem um piso de dois salários mínimos
para o nível I, a unificação da carga horária em 30 horas semanais, sem redução
salarial, e a aplicação do gatilho salarial para todos os funcionários. A
derrubada dos Vetos, hoje, nesta Casa, beneficiará a categoria dos
municipários, e aqui conclamamos os Srs. Vereadores, principalmente os do PDT,
porque nos constrangemos, enquanto Vereador, enquanto instituição, aos
constrangimentos seqüentes colocados à Bancada do PDT nesta Casa, que ferem não
apenas a autonomia de uma bancada, mas a autonomia do Poder Legislativo da
Cidade de Porto Alegre na medida em que o constrangimento imposto a uma bancada
entendemos como um constrangimento imposto a esta Casa. Talvez a atitude
corajosa de três Deputados do PMDB na Assembléia Legislativa - Dep. Carrion Júnior, Dep. Mendes Ribeiro, ex-Vereador desta Casa, Dep. Antônio Daudt - seja um
bom exemplo àqueles que à época de eleição, à época de defesa de posturas
partidárias, inclusive nesta tribuna, entendem que há que fazer justiça social,
que há que garantir aos trabalhadores salários justos, dignos e reais. Talvez
seja uma postura à véspera de eleições, em nenhum momento condizendo com a
coerência que tanto cobram em determinados momentos de outras bancadas nesta
Casa. Gostaríamos de lembrar a todos, principalmente àqueles Vereadores que,
temos certeza, hoje votarão ao lado dos funcionários municipais, que há um ato
às 15 horas na frente da Prefeitura Municipal unificando a luta dos servidores
públicos municipais, estaduais e federais. Com o entendimento que temos que,
cada vez mais, unificar, sim, a luta de todos os trabalhadores no sentido de
ver garantidas as suas justas reivindicações; esta Câmara tem, repetimos, o
privilégio de conceder aos funcionários públicos municipais justiça social.
Está posto aos Srs. Vereadores, principalmente aos da Bancada do PDT nesta
Casa.
A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu sou testemunha, e os Vereadores sabem disso, de
uma campanha nos bairros de Porto Alegre junto aos moradores de uma estação
para passageiros no Centro da Cidade, na Praça Parobé. Nada tem a ver com o
projeto, não é, Vereadora? Só que custa 25 milhões de dólares o projeto. Agora,
para funcionário não tem.
A SRA. JUSSARA CONY: V.Exa. levanta bem a
questão. Nós cobramos coerência nas decisões políticas. Para onde vão as verbas
do Município? Acho que o Ver. Antonio Hohlfeldt, inclusive, foi muito
elucidativo no seu pronunciamento. É uma questão de decisão política a quem
beneficiar na Cidade de Porto Alegre.
O Sr. Antonio Hohlfeldt: V.Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Eu queria complementar, inclusive, alguns dados.
Ontem, em contato com os funcionários da Fazenda Municipal, nós tivemos a
informação de que neste momento a Prefeitura Municipal de Porto Alegre teria
aplicado no “Open” cerca de 80 milhões de cruzados, o que realmente não se
explica se levarmos em conta que obras não estão sendo feitas. Se o problema é
deixar de dar aumento para o funcionário para fazer obra, que ao menos se faça
a obra e não se deixe este dinheiro, ainda que rendendo, mas parado no sentido
de que a Cidade tem tanta coisa que está sendo necessária e não está sendo
feita. Um outro dado que recebemos de funcionários em greve no DEMHAB é que o
Departamento, neste momento, já assumiu despesa sem cobertura orçamentária. Ou
seja, daqui a pouco, em agosto, nós vamos estar recebendo, aqui, pedido de
suplementação. E por certo não é com aumento de funcionário. O terceiro dado
que nós recebemos é de que está sendo extremamente utilizado o art. 111 para
dar FG e cargos de confianças e gratificações especiais a funcionários, e
desconfio eu, infelizmente, que não será por qualificação funcional. Talvez
outros critérios estejam sendo usados. Então, responderia com esses três dados
a V.Exa. sobre para onde está indo o dinheiro municipal.
A SRA. JUSSARA CONY: Que não deixa de ser uma
questão de decisão política do Governo da Administração Alceu Collares, de quem
cobramos a transparência, inclusive tantas vezes cobrada de outros governos
aqui, nesta Casa, nesta tribuna.
Ao finalizar, já que o meu tempo se esgotou, nos retiramos da tribuna,
conclamando a esta Casa a derrubada destes Vetos e entendemos, principalmente
de parte da Bancada do PDT, que esta Casa não pode se furtar nesta manhã a
fazer justiça social. Sou grata.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais Vereador
para discutir, passamos à votação.
O SR. CLÓVIS BRUM: Antes de passar ao processo
de votação, requeiro, nos termos regimentais, verificação de "quorum"
com a devida chamada nominal.
O SR. PRESIDENTE: Peço ao Sr. 2º Secretário
que proceda à chamada nominal.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Após a chamada nominal.)
Há 22 Vereadores presentes.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE n.º 12/87,
com Veto Parcial. Para encaminhar, com a palavra o Ver. Cleom Guatimozim, em nome
do PDT, por cinco minutos.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Nós desejamos, inicialmente, desfazer algumas informações não
exatas dadas nesta tribuna por alguns Vereadores na melhor das intenções.
Inicialmente, desejamos dizer que a Prefeitura de Porto Alegre é uma
das poucas deste Brasil que paga em dia seus funcionários. Paga pouco, mas
paga. Enfrenta dificuldades imensas para poder pagar o seu funcionalismo em
dia, o que não ocorre com o Estado, que não consegue pagar nem a metade dos
vencimentos do funcionalismo. Não adianta ter um vencimento melhor e não
receber nada. Este é o artigo primeiro da colocação. Até me surpreendi da
Bancada do PMDB aqui cobrando do Prefeito Collares, quando eles não pagam nada
lá. Não pagam nada, está tudo em greve. Não há possibilidades de acerto. Há
brigas violentas no Legislativo porque o Governador não paga, e vivem a chorar
nos jornais. É esta a situação desejada? Acho que não. E até não culpo o
Governador. Deve ter encontrado uma situação difícil.
Mas dizia que as dificuldades do pagamento do funcionalismo é uma luta
constante. Mas o Ver. Clóvis Brum, por exemplo, na melhor das intenções, disse
que eram 800 CLTs. Não é, Vereador. São 3.437 CLTs, pouquinho mais do que disse
V.Exa. Temos, por exemplo, nas autarquias, 1.979 CLTs, dos quais 181 são
efetivos e já estão convocados para Regime. Na Administração Centralizada,
temos 1.458 CLTs, dos quais 60 são efetivos e já estão convocados. O que
pretende, em realidade, a Emenda do Ver. Lauro Hagemann é garantir uma
convocação em lei. Porque diminuir a carga horária evidentemente que forçará
uma convocação! Não há uma outra solução. E os Vereadores que vieram a esta
tribuna desafiavam a Bancada do PDT a dizer que não há uma repercussão
financeira. Ora, nós sabemos que o Vereador não pode - art. 157 da Constituição
Federal - gerar despesa. Não pode impor ao Prefeito que ele faça aquilo que ele
pode fazer se ele desejar. Acho que a luta da categoria deve ser feita junto
com o Prefeito Municipal, e não através de uma emenda, como foi feito aqui pelo
Ver. Lauro Hagemann. Uma emenda que não tem amparo constitucional o Prefeito
não aceita. E nenhum dos Vereadores, como Prefeito, aceitaria. Eu também não
aceitaria, porque não compete aos Vereadores fazer esse tipo de emenda que gere
despesa. É claro que, aprovada a Emenda, estaria garantindo em lei uma
convocação que é dada, no momento, só para os efetivos.
Nós verificamos também, Ver. Lauro
Hagemann, Ver. Clóvis
Brum e os Vereadores que me antecederam nesta tribuna, que, aprovada a Emenda,
geraria uma despesa de 2 milhões, 939 mil, 160 cruzados e 60 centavos para esta
convocação desejada com a diminuição da carga horária. Então, aqui está
exatamente o que há por trás da Emenda do Ver. Lauro Hagemann. E acho que o
Prefeito, ao fazer essa concessão, deve fazer - e olhávamos há pouco os
contracheques dos funcionários CLT - por ato dele, Prefeito, porque só ele tem
competência para fazer. Ou ele pode se intrometer aqui nesta Casa dizendo que
devemos pagar ao porteiro “x” a um outro serviçal tanto? Não, não pode, e nós
não podemos nos intrometer lá. Então, acho que os salários, que são baixos,
baixíssimos, devem ser feitos de forma legal, conforme prescreve a Constituição
Federal, lá, junto ao Sr. Prefeito Municipal, através das lideranças.
A folha do funcionalismo CLT, hoje, é de 8 milhões, 817 mil, 451
cruzados e 70 centavos, que seria acrescida por quase três milhões mais. Esse é
o motivo pelo qual a Bancada do PDT vota favorável ao Veto, porque não tem o
Vereador competência para gerar esta despesa. Onde surgiu esta competência? Por
que o Vereador não gera despesa aqui? Então, concluo dizendo que o Vereador não
tem competência para gerar despesa lá no Executivo e o Executivo não tem
competência para gerar aqui. É a harmonia dos Poderes prevista na Constituição
Federal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Eroni Carus, V.Exa.
tem cinco minutos para encaminhar o PLE n.º 12/87.
O SR. ERONI CARUS: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Srs. funcionários públicos municipais. Quando aqui chegamos,
anteontem, embora numa situação de transitoriedade, enfatizamos que aqui
chegávamos para somar. Pois os apartes que aqui demos hoje, julgados de
impertinentes, apenas tentaram repor a verdade no Plenário. Mas vou me ater ao
tema da Ordem do Dia, iniciando por dizer que dói a um representante do PMDB,
principalmente daqueles que arrostaram com todos os perigos e perseguições
pertinentes da ditadura, que o PDT venha a esta tribuna para invocar uma
Constituição delegada pela Junta Militar para embasar a sua desculpa
esfarrapada de negar direito ao funcionalismo público estadual. O Poder
Legislativo, nas três esferas, que neste tempo de ditadura teve castradas suas
prerrogativas, pensei que, com o advento da anistia, com a reposição da eleição
direta, tivesse levantado a sua cabeça e procurasse recuperar a sua
prerrogativa. Vejam que para a Bancada do PDT este procedimento não aconteceu.
Lamento por ter que dizer isso ao meu particular amigo, companheiro antigo de
tantas e tantas memoráveis lutas políticas, Ver. Cleom Guatimozim, mas, na
argumentação, tenho que responder repisando alguns argumentos que disse nos
apartes. O Vereador do PDT, que se diz socialista, acusa o PMDB no âmbito
estadual de também não promover justiça social. Equivocou-se V.Exa., porque o
projeto do Governo está na Assembléia Legislativa com alguns artigos que não se
concordam, mas ele corrige a anomalia salarial, ele repõe a verdade salarial,
porque ele dá um piso de 1 mil, 430 cruzados ao nível 1 e dá um aumento ao
nível 1 na ordem de 147%. Então, não há como se estabelecer confrontos entre o
comportamento do Executivo Estadual e o comportamento do Executivo Municipal no
que concerne a tratamento para funcionário público, porque, inclusive, o
Governo do Estado está há 30 dias com uma greve que grassa fundo, atingiu os
interesses do Estado, mas, em nenhum momento sequer, usou da prerrogativa da
força para deter os grevistas, o que não aconteceu com o Executivo Municipal
que, no primeiro dia de greve, solicitou à Brigada Militar para reprimir os
grevistas.
No encaminhamento, me socorrendo da hábil assessoria do meu Líder
Clóvis Brum, indago também ao Ver. Cleom Guatimozim, a quem procuro contestar
neste momento: aonde foram, Vereador, os outros 12 companheiros de Bancada que
deveriam estar aqui no interesse da causa dos funcionários públicos? Vejo,
contristado, apenas V.Exa. na posição delicada e ingrata de defender um projeto
ou um veto indefensável. A nossa posição, da Bancada do PMDB, por delegação da
sua maioria, da sua Liderança, é votar com os funcionários públicos do
Município na certeza de que as duas Emendas, tanto a do Ver. Antonio Hohlfeldt
com a do Ver. Lauro Hagemann, corrigiram sobremaneira distorções no projeto que
originou o aumento do funcionalismo público. Esta é a postura da Bancada do
PMDB, que não se confunde e nem se confundirá, porque ela tem independência e
não vive sob o jugo de ninguém. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha pelo PFL o Ver.
Raul Casa.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a moderação e a discrição da Bancada do PFL não impedem que, neste
encaminhamento, registremos o nosso posicionamento, a nossa estranheza e a
nossa decepção a este Veto que S.Exa. o Sr. Prefeito faz, não a uma iniciativa
do Legislativo, mas é um veto de S.Exa. à sua atuação como candidato a Prefeito
que, por inúmeras vezes, disse e repetiu que seu governo estaria voltado à
defesa e à melhoria das categorias mais humildes do funcionalismo municipal. A
prática, contudo, desmente o candidato. E digo e repito que a derrota do
político está embasada na promessa do candidato. A Bancada do PFL, coerente,
discreta, mas objetiva, lealmente diz, desta tribuna, que vota a favor do
funcionário humilde, a favor do socialismo de ordem prática, a favor daqueles
que são a categoria mais sofrida do funcionalismo municipal. Fica aqui, pois,
com a discrição e a moderação que é do temperamento da nossa formação política,
o registro de que nossa Bancada vota pela derrubada do Veto, porque nós não
votamos contra o funcionário público municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, o Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
Srs. Funcionários Municipais, é evidente que nós, em nome do Partido dos
Trabalhadores, só podemos encaminhar favoravelmente às Emendas, até porque uma
delas é de nossa autoria. E eu notei aqui, inclusive, o esquecimento do Ver.
Cleom Guatimozim, ou talvez a falta de argumentos, para defender o Veto do Sr.
Prefeito à Emenda de minha autoria, daquela Emenda que diz que não devemos dar
184% de aumento aos Secretários, somente neste ano - 347% se somarmos com o ano
passado -, e darmos somente 37%, neste ano, para o funcionalismo. Talvez tenha
faltado argumento à Liderança do PDT para rebater este Veto, ou então ela se
esqueceu de mencionar esta Emenda. Mas, em relação à outra Emenda, do Ver.
Lauro Hagemann, eu gostaria de lembrar os dados que trouxemos a esta tribuna:
se valem os números do nobre Líder do PDT, se chegarmos a 11 milhões na folha
de pagamento mensal da Prefeitura, se temos 80 aplicados em “Open”, 80 em
“Open”, durante 30 dias, não geram 11? Geram um pouquinho mais. Dá para pagar o
aumento, dá para cobrir tranqüilamente, os três milhões de diferença, sem
nenhum problema. Oitenta milhões, em 30 dias, geram mais de 11, com as taxas de
juros que temos hoje praticadas pelas entidades financeiras. Gostaria, ainda,
de corrigir o nobre Líder do PDT, para que não transite em julgado nesta Casa,
que o Prefeito tem, sim, metido a mão nesta Casa, interferindo nela.
Interferindo indiretamente quando exige isonomia entre o quadro do Executivo e
o quadro do Legislativo. Interferiu nesta Casa quando vetou o Plano de Carreira
do Funcionalismo desta Casa. Então, não podemos dizer, em hipótese alguma, que
esta Casa não teria o direito - político, antes de tudo - e a obrigação social
de propor alguma coisa e não obrigar, porque o Sr. Prefeito Municipal, ao homologar,
legaliza. Ao homologar, legalizaria qualquer eventual inconstitucionalidade
formal que advenha da ditadura que o PDT combateu conosco, com os companheiros
do PMDB, com os companheiros do PCB, e que poderia continuar combatendo na
prática, porque se derruba ditadura na prática, contestando no dia-a-dia aquilo
que foi gerado pela ditadura. Teríamos, aí, uma excelente oportunidade.
Queria lembrar de passagem, que o Executivo Municipal do PDT ainda tem
uma dívida para com aqueles companheiros municipários cassados durante o
período de ditadura. O Ver. Lauro Hagemann me passava, há poucos dias atrás, a
documentação da campanha dos funcionários que continuam buscando a anistia que
foi concedida por lei a nível estadual e que aqui, no Executivo Municipal, até
hoje não foi concedida. Não é apenas um problema de dinheiro, mas de não querer
se comprometer com os interesses do funcionalismo. Queria fazer um apelo
sobretudo aos companheiros de oposição municipal ou que não estão na situação
neste momento: que esses Vereadores estejam agora em Plenário para votarmos. A
totalidade da Bancada do PFL, a totalidade da Bancada do PMDB, companheiros do
PDS, do PCB, do PC do B, do PSB, infelizmente ausente, pois, da minha parte,
cancelei uma viagem para participar do movimento de greve dos professores do
interior do Estado para estar presentes, embora minha suplente tenha sido
convocada e esteja acompanhando os trabalhos, porque não queríamos estar
ausentes do encaminhamento e desta votação. Entendo que temos necessidade de
todas as bancadas para a votação. Registro, sem saber interpretar, o abandono
em que ficou o Líder do PDT. O Ver. Cleom Guatimozim está absolutamente
sozinho. A Bancada do PDT saiu, não sei se porque discordou do encaminhamento
ou se esperava a opção da votação secreta exigida, na outra vez, pelo Ver.
Cleom Guatimozim, quem sabe para nos dar os votos que precisamos para a
derrubada dos Vetos aqui discutidos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, próximo orador
inscrito: Ver. Lauro Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a hora já vai adiantada e eu não vou ocupar os cinco minutos
regimentais a todos os argumentos já expostos da tribuna. Eu apenas queria me
referir a um fato levantado pelo nobre Ver. Cleom Guatimozim em nome da
Liderança do PDT. A Emenda que reduz para 30 horas semanais a carga horária do
pessoal de nível 1 não gera aumento de despesa. Isso precisa ficar bem claro.
Dos 3.458 funcionários do Executivo do nível 1, menos de 10% pertencem ao
quadro, e esses 350, mais ou menos, já estão recebendo o Regime de Tempo
Integral, ou de Dedicação Exclusiva ou de convocação. Os restantes são os de
CLT, sobre os quais o Sr. Prefeito Municipal tem absoluta competência para
convocar ou não para o Regime Especial de Trabalho. Então, fica ao arbítrio do
Sr. Prefeito aumentar a despesa. Não foi esta Casa que aumentou a despesa. Isso
precisa ficar bem claro. Não há aumento de despesa na redução da carga horária
do pessoal de nível 1 da Prefeitura.
Era este o argumento que precisava ficar bem claro, posto e repisado
nesta Casa, nesta manhã em que se vão votar os vetos parciais do Sr. Prefeito.
E, por óbvio, vou encaminhar favoravelmente à rejeição do Veto do Sr. Prefeito
a essas duas Emendas apostas ao Projeto original. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais inscritos,
passasse ao processo de votação. O Sr. Secretário apregoará, de vez que há um
processo e dois vetos. Serão apreciados os vetos individualmente. O Sr.
Secretário lerá a primeira Emenda que foi vetada, e esta será colocada em
votação. Posteriormente, será votada a segunda Emenda. Já votaremos, portanto,
critério da Emenda nº 01 e da Emenda nº 02.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)
A Emenda ao art. 1º - dispõe que o valor constante do referido artigo corresponde ao regime de 30 horas semanais de trabalho realizadas num único turno.”
O SR. PRESIDENTE: REJEITADA a Emenda nº 01 ao PLE n.º 12/87, referente ao §1º do art.
1º, e mantido o Veto Parcial aposto ao PLE n.º 12/87.
Passa-se à Emenda n.º 02. Solicito ao Sr. 2º Secretário que proceda à
leitura da mesma.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.)
A Emenda ao artigo 2º, inciso VI - exclui os Secretários Municipais,
Diretores-Gerais de Autarquias e Procurador-Geral do Município, do aumento
concedido aos funcionários”.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente, reconheço
que a Mesa é douta e peço um esclarecimento: o Projeto de Lei é Executivo e a
impressão que tenho é que, para mantê-lo, dever-se-ia votar “sim” ao Projeto.
Apenas para um esclarecimento. Votarei conforme a Mesa orientar.
O SR. PRESIDENTE: O Projeto foi aprovado e -
me ajuda o Ver. Eroni Carus - a Lei está em vigência, mas, no caso, se vota o
vetado, que foi a Emenda feita por um Vereador da Casa e que passou a constar
da Redação Final, integrando-se ao Projeto. Por isso, coloco que “sim” acolhe a
Emenda, vota em favor da Emenda; “não” vota contra a Emenda. O Projeto já está
aprovado. O fundamental é isso. Não se está votando o Projeto. Confesso a
V.Exa., Ver. Cleom Guatimozim, que a Mesa também teve dificuldade, por isso
quis ouvir V.Exa. “Sim” aprova a Emenda e rejeita o Veto aposto à Emenda.
Resultado da Votação da Emenda n.º 02: Votos SIM (19): Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Brochado da Rocha,
Bernadete Vidal, Clóvis Brum, Frederico Barbosa, Hermes Dutra, Ignácio Neis,
Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Rafael Santos, Raul
Casa, Nilton Comin, Flávio Coulon, Marcinho Medeiros, Eroni Carus, Wilson
Santos. Votos NÃO (02): Cleom
Guatimozim e Auro Campani.
O SR. PRESIDENTE: REJEITADA a Emenda ao PLE n.º 12/87, referente ao art. 2º e mantido
o Veto Parcial a ele aposto.
Esta Presidência convoca os Srs. Vereadores para uma reunião Conjunta
das Comissões, segunda-feira, às 9h da manhã, no Plenário da Casa.
(Manifestação nas galerias.)
Estão suspensos os trabalhos por dois minutos.
(Suspende-se a Sessão às 13h20minutos. Reabrem-se os trabalhos às 13h22min.)
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, solicito
verificação de "quorum".
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. 2º
Secretário que proceda à chamada nominal para verificação de
"quorum".
(O Sr. 2º Secretário procede à chamada nominal.)
O SR. PRESIDENTE: Não há quórum.
Levanto os trabalhos da presente Sessão, convocando os Srs. Vereadores
para reunião de Comissões, segunda-feira, às 9h, e para a Sessão Ordinária da
próxima segunda-feira, à hora regimental.
(Levanta-se a Sessão às 13h26min.)
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